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CPI: Relator defende que advogada detalhe intimidações

31 julho 2015 - 21h56Por Do G1/Douranews

O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), defendeu nesta sexta-feira (31) que a advogada Beatriz Catta Preta, ex-defensora de nove suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na estatal, compareça à comissão parlamentar de inquérito para “detalhar” as intimidações que ela diz ter sido vítima.

A criminalista concedeu entrevista exclusiva nesta quinta (30) ao Jornal Nacional, na qual disse ter deixado os casos dos clientes que defendia na Operação Lava Jato porque se sentia ameaçada e intimidada por integrantes da CPI da Petrobras. Ela afirmou ainda que, devido às supostas ameaças, fechou o escritório e decidiu abandonar a carreira.

O relator da CPI criticou o fato de a advogada, que é considerada uma das maiores especialistas em delação premiada do apís, não ter apontado na entrevista nomes dos supostos intimidadores, o que, na opinião dele, levanta suspeitas contra todos os integrantes da comissão.

“A fala da advogada, a meu ver, é muito forte. É grave o que ela disse. No entanto, não pode ficar na generalização. A declaração dela reforça a necessidade da ida dela à CPI, porque ela terá a oportunidade de detalhar essa pressão que recebeu, quem fez, onde foi, como. A partir da declaração dela, criou-se uma dúvida, e uma CPI não pode ficar sob suspeita”, ressaltou Luiz Sérgio.

Beatriz Catta Preta defendeu nove dos 22 investigados que fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, entre eles o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, que acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter pedido US$ 5 milhões em propina. A advogada destacou ao Jornal Nacional que as ameaças "veladas" aumentaram depois que o delator incriminou Eduardo Cunha.

No dia 9 de julho, a CPI da Petrobras aprovou requerimento para convocar a a criminalista a falar sobre a origem do dinheiro usado para pagar seus honorários advocatícios. A convocação foi interpretada, por ela, como uma retaliação pela denúncia feita por Júlio Camargo contra o presidente da Câmara. Ainda não há previsão de quando a advogada prestará depoimento ao colegiado.

O presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), partiu para o ataque nesta sexta-feira ao dizer que a advogada “usa a vitimização” para esconder possíveis “atos ilícitos”. Sem dar detalhes, Motta disse haver “indícios” de irregularidades no recebimento de honorários pela criminalista.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar que Beatriz Catta Preta fosse obrigada a falar de temas que violem o sigilo profissional. Em despacho, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, atendeu ao pedido da entidade dos advogados e a liberou de responder perguntas sobre os honorários.

Honorários
Para Luiz Sérgio, a discussão em torno da origem do dinheiro dos honorários da advogada não é a mais relevante neste momento. Para ele, existem outros pontos mais importantes para abordar durante o depoimento da criminalista na comissão.

"Ela [Beatriz Catta Preta] foi advogada na delação de empresários e de ex-diretores da Petrobras que receberam corrupção. Foi de quem pagou e de quem recebeu. Isso, a meu ver, abre margem a questionamentos. Eles podem ter combinado versões. Como ela é a doutora delação, ela poderia ter a oportunidade de explicar isso”, ponderou o relator.

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