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População indígena de Japorã tem dificuldades de acesso à saúde

31 agosto 2013 - 20h17Por Redação Douranews

A comunidade indígena que habita a aldeia Porto Lindo, em Japorã, está enfrentando sérias dificuldades depois que o PAM (Pronto Atendimento Médico) de Iguatemi, distante cerca de 30 quilômetros da cidade, decidiu suspender o atendimento pelo convênio que mantinha com a Sesai (Secretaria especial de saúde indígena) aos moradores da área. Agora, para serem medicadas, as crianças indígenas, especialmente, maiores vítimas dessa variação climática, precisam ser levadas para Mundo Novo, num trajeto superior a 70 quilômetros.

Acontece que o PAM funciona como porta de entrada de internações para o hospital São Judas Tadeu, em Iguatemi, para onde a Sesai repassa em torno de R$ 8 mil mensais. Por conta disso, os indígenas estão tendo que buscar atendimento no hospital Bezerra de Menezes, de Mundo Novo, que não recebe para isso, já que as AIHs (Autorizações de Internação Hospitalar) são pactuadas para Iguatemi onde o convênio é 100% SUS (Sistema Único de Saúde).

Dorival Velasquez, morador na Porto Lindo e membro do Condisi-MS (Conselho distrital de saúde indígena), está acompanhando o tratamento do filho de oito anos no hospital Bezerra de Menezes, em Mundo Novo. “Lá em Iguatemi eles disseram que não vão atender mais índios”, disse o pai da criança ao Douranews. Ele informou ainda que outro indígena, de 11 meses de idade, também se encontra internado no hospital de Mundo Novo.

Nesta semana, uma criança de Japorã morreu em Dourados, com suspeitas de meningite. Resultados dos exames feitos no paciente foram encaminhados para Campo Grande afim de detectar a causa mortis. Outras crianças da aldeia enfrentam problemas respiratórios em decorrência da forte estiagem e da onda de frio mais intenso que se abateu sobre a região desde o mês passado.

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O secretário de Saúde de Japorã, Paulo Franjotti, afirmou que a situação é delicada na região. “O PAM de Iguatemi é 100% SUS e nós [em Japorã] ainda não temos a porta de entrada para esse atendimento”, informou, acrescentando que a recusa das autoridades do município vizinho em atender aos índios da aldeia Porto Lindo, onde vive uma comunidade estimada em 2.500 habitantes, está gerando um transtorno muito grande. “Esta semana mesmo tivemos que buscar um médico de Caarapó para acompanhar o deslocamento de um paciente para o hospital de Dourados”, disse o secretário.

Impasse

Franjotti acredita que parte do problema esteja relacionado com o impasse fundiário criado em função da disputa de terra entre índios e produtores rurais do Cone Sul do Estado. “Há uns três, quatro meses, depois que o PAM de Iguatemi deixou de atender", lembra ele, observando que agora os casos de emergência são mais preocupantes, porque se antes tinha que levar o doente a uma distância de 8 a 10 quilômetros, da aldeia para o PAM, agora aumentou para no mínimo 70 km, quando se trata de chegar até Mundo Novo”, comparou.

A Prefeitura de Japorã se inscreveu no programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, solicitando pelo menos seis profissionais, para atender na cidade e oferecerem assistência aos índios. “Mas, até agora não tivemos notícia de nenhum médico”, lamentou o secretário, afirmando que o Município tem dado o apoio possível para as comunidades indígenas, mas pode fazer muito pouco. “A situação é preocupante, e quando chega os finais de semana, então, vivemos em clima de tensão, porque se surgir uma emergência não temos muito o que fazer”, diz Paulo Franjotti.

 

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