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Cultura

Descendentes da Guerra do Paraguai realizam encontro de família

20 dezembro 2014 - 15h07Por Redação Douranews

Integrantes das famílias Alves, Fernandes, Ferreira, Além, Ortiz, Benitez e Cabreira realizam neste domingo (21) o primeiro encontro em Dourados. Os parentes fazem parte de um dos troncos gerados de ex-soldados brasileiros e de um paraguaio que lutou na Guerra do Paraguai (1864-1870).

A ideia, dos tataranetos dos ex-combatentes, pretende transformar o evento em uma tradição de família. “De certa forma, a história [da família] está muito ligada com a do próprio Mato Grosso do Sul. Temos parentes em todas as regiões do Estado, mas, o grosso do nosso pessoal está hoje em Dourados, para onde nossos avós, netos dos fundadores vieram levar a vida e onde nós, hoje, também vivemos”, explicou o jornalista Helton Costa, um dos colaboradores do evento.

A história

Segundo ele, pelos dados levantados até o momento, após a Guerra do Paraguai, o soldado José Maria Cabreira mudou-se para região do “Copo Sujo”, entre Ponta Porã e Maracaju, para trabalhar na fazenda da família Correia. Ali conheceu Magdalena Ferreira, parente de peões de Minas Gerais trazidos pelo proprietário das terras, um ex-oficial de logística do Império.

Para lá também foram Theodoro Ferreira, um “Voluntário da Pátria”, ex-escravo no Piauí que se casou, após a guerra, em Concepción, Paraguai, com Anna Ortiz, moradora local. Na fazenda encontrou outro ex-combatente, o baiano Jonas Alves, que era casado com a argentina de Corrientes, Maria Paula Além. Todos foram vizinhos de José Ferreira, que era um dos peões mineiros que já moravam lá e da esposa dele, a também paraguaia Maria Euzébia Ortiz.

A geração dos filhos desses casais morou na fazenda também. Foi somente na geração dos netos que as famílias começaram a deixar a propriedade rural.  Hoje, há membros da família em várias cidades do Estado, mas, principalmente em Ponta Porã, Marcaju, Antônio João, Caarapó, Campo Grande, Dourados, Jardim e Bonito.

“Tenho muito orgulho de nossa história e acho que o pensamento entre os outros parentes é o mesmo. Não é uma história contada de cima para baixo, porque nossa família não é e nunca foi rica. Sempre fomos o ‘povo’, o povo que ajudou e ajuda na formação dessa identidade em construção do MS. Nascemos de uma guerra (que completa 150 em 2014) com três nacionalidades que participaram do conflito e depois dela, nossos antepassados tiveram uma vida muito sofrida. Cabe à nossa geração lembrar que mesmo aqueles que não são nomes de rua ou prédios públicos também existiram e deram o sangue, literalmente, por esse país ou defendendo seus ideais (os paraguaios, por exemplo), tanto quanto os que são homenageados como heróis da nação”, defende Helton Costa.