Produtos como batons e perfumes devem ter alta real de 12% após decisão de governo de mudar a tributação sobre atacadistas de cosméticos, afirmou o presidente da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), João Carlos Basilio, nesta quinta-feira (29).
Após reunião com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, ele afirmou a jornalistas que a investida deverá provocar uma queda de 17% a 18% nas vendas dos itens diretamente afetados, entre os quais também estão esmaltes e maquiagens para os olhos, além de produtos para barbear e para alisar os cabelos.
Questionado se o consumidor pagaria a conta, ele respondeu que isso "sem dúvida" ocorreria e que o setor não conta com a reversão da medida, que deve provocar o corte de 200 mil empregos.
"A necessidade de recursos que o governo tem de buscar está penalizando um setor que cumpriu sua missão e que não foi em nenhum momento beneficiado por nada", disse Basilio, acrescentando que os membros da Abihpec estão "chocados e abalados".
Mais cedo neste mês, o governo anunciou que iria equiparar, por decreto, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente sobre o atacadista ao cobrado do produtor industrial do setor de cosméticos, buscando, com isso, alcançar a taxação sobre a distribuição dos produtos.
A mudança valerá a partir de 1º de maio, conforme decreto publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.
Segundo Basilio, o movimento vai gerar receita extra de R$ 1,5 bilhão de reais, em estimativa que leva em conta a arrecadação extra do IPI que será passada também aos Estados.
O governo havia projetado um aumento na arrecadação de R$ 381,41 milhões neste ano, a partir de junho. Para um ano completo, o montante foi calculado em R$ 653,85 milhões.
Analistas estimam impacto para companhias do setor, já que muitos produtores abrem empresas atacadistas, que pagam menos impostos, para vender seus produtos a preços mais baixos -- uma manobra que será barrada pela equalização do IPI.
Nesta quinta-feira, as ações da empresa de cosméticos Natura fecharam em queda de 1,48%, enquanto as da Hypermarcas tiveram variação negativa de 0,05%, contra alta de 0,14% do Ibovespa.
