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Economia

Brasileiros relatam tempos difíceis na Grécia

01 julho 2015 - 21h36Por Do G1/Douranews

Vivendo em Atenas desde 2008, o mecânico brasileiro Alexandre Mitrogiannis diz que o Plano Collor e as turbulências econômicas que vivenciou no Brasil quando era mais jovem o prepararam para enfrentar a atual crise grega.

A crise na Grécia já se estende há anos, e o impasse com os credores e o temor de uma corrida aos bancos fez com que o governo determinasse que as agências bancárias ficassem fechadas por uma semana até a próxima segunda-feira. Até lá, os saques nos caixas automáticos estarão limitados a 60 euros (R$ 208) por dia.

"Pelo menos essa medida não afetou tanto nossa família, porque já tínhamos tirado nossas economias do banco", diz Alexandre. "Quem tem a experiência do Brasil dos anos 1980 e 1990, da hiperinflação e Plano Collor, já sabe onde esse tipo de crise pode chegar", diz ele, explicando que há rumores de que os bancos possam permanecer fechados por 2 ou 3 meses se a Grécia for obrigada a deixar a zona do euro.

Na ultima terça-feira, Atenas não conseguiu pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que complicou ainda mais a situação do país.

Trata-se da mais grave crise enfrentada pela zona do euro - formada por 19 países - em seus 16 anos de história. E o Banco Central grego já advertiu sobre o risco de que o país tenha de abandonar a moeda europeia e até deixar a UE se uma solução não for encontrada para liberar o pacote de resgate para o país.

No domingo, será realizado um referendo sobre o acordo da Grécia com seus credores, que exigiria que o governo do país corte ainda mais seu orçamento. O primeiro-ministro Alexis Tsipras, eleito em janeiro com uma plataforma antiausteridade, faz campanha pelo "não" - a não aceitação das condições impostas pelos credores.

Ninguém tem certeza sobre o que um ou outro resultado representaria para o futuro do país, mas, segundo analistas, uma vitória do "não" pode dificultar a permanência da Grécia na zona do euro, enquanto que se o "sim" ganhar o governo de Tsipras deve perder sua base de apoio.

"A atmosfera é de pânico. Talvez a situação nem seja tão ruim como alguns imaginam, mas a boataria sobre o que pode acontecer (se a Grécia sair do euro) faz com que haja muito medo e tensão no ar", diz a professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira Debora Arruda Pio, que vive na Grécia há 16 anos.

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Segundo Debora Pio, atmosfera em Atenas é de pânico

"No sábado, as pessoas correram para o supermercado para comprar comida por temor de que haja um desabastecimento. No fim do dia, todas as prateleiras estavam vazias. Parecia que tinha ocorrido um bombardeio em Atenas."

Depois do anúncio do fechamento dos bancos, as filas nos postos de gasolina e nos caixas eletrônicos também teriam se multiplicado, segundo relatos dos brasileiros.

"Todo mundo quer garantir seus 60 euros, por isso as filas duram até tarde da noite", diz a dentista brasileira Márcia Papoudos, que também vive em Atenas.

Segundo Márcia, o governo chegou a anunciar um aumento do policiamento nas instituições financeiras para evitar que os correntistas sejam roubados.

"Acho que o que torna a situação ainda mais tensa é que há uma guerra de informações na imprensa e os políticos estão fazendo pouco para informar a população de forma clara sobre o que está em jogo nessa consulta popular - ou seja, o que acontece com a Grécia no caso de uma vitória do sim ou de uma vitória do não", opina.