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Dourados, 85 anos: Referência educacional projeta os rumos do desenvolvimento

20 dezembro 2020 - 11h23

Maior município do interior de Mato Grosso do Sul, sendo o segundo maior em população e o terceiro em economia no Estado, Dourados completa 85 anos de criação neste domingo, 20 de dezembro. A cidade, fundada em 1935 com áreas desmembradas do município de Ponta Porã, já funcionava como a Colônia Militar de Dourados desde 1861, durante a guerra do Paraguai. De lá para cá, foi se desenvolvendo até se tornar um polo regional de economia, serviços, agronegócio, indústria e educação.

Nesse sentido, é impossível não traçar um paralelo entre a evolução da cidade e as instituições que contribuíram e continuam cooperando para seu constante crescimento. “E a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) tem papel de relevo no processo de desenvolvimento do município”, afirma o doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da UFGD, Adauto de Oliveira Souza.

Assim como a história da Universidade se permeia à trajetória de Dourados, o caminho do docente foi seguindo o curso da instituição: egresso do antigo Centro Universitário de Dourados (CEUD), Adauto leciona na UFGD desde 1989, quando ela ainda era um campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Atualmemnte pesquisador sênior na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) na área de políticas de desenvolvimento regional, ele não apenas viu nascer o embrião da UFGD, como estudou e ainda estuda o impacto de sua criação para a região da Grande Dourados e, mais especificamente, para o município de Dourados.

“Certamente, depois do projeto de implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, nos anos 1940, a criação da UFGD é o evento mais importante do sul de Mato Grosso do Sul, sendo, portanto, muito significativo, pois do ponto de vista material temos a contínua criação de cursos de graduação e pós-graduação, de 2006 a 2015, todos os anos. Isso demonstra o foco principal da UFGD, que é a formação de excelência profissional e o compromisso social com o desenvolvimento regional, por exemplo, expresso nos cursos de licenciaturas, como as voltadas à população indígena e do campo”, comenta.

Para se ter ideia da importância que a criação da UFGD representa para a evolução de Dourados enquanto polo regional de destaque no Brasil, Adauto cita a primeira compra federal realizada no Estado, que foi a área destinada ao órgão suplementar da Universidade hoje denominado Fazenda Experimental de Ciências Agrárias, espaço de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão de toda a comunidade acadêmica da UFGD.

Fator de destaque, o impulso para o processo de criação da UFGD, ou seja, a experiência apresentada pelo CEUD na formação de novos profissionais, na pesquisa e na extensão, foi determinante para que o projeto tomasse corpo e, por sua vez, transformasse para sempre a identidade de Dourados. “Isso, de alguma maneira, coloca no histórico da UFGD a vocação transformadora. São 50 anos de ensino superior na cidade e apenas 15 anos de UFGD e, em tão pouco tempo, ela se destaca pelo desenvolvimento de campos como a economia, a formação de profissionais, a cultura, o turismo de eventos científicos, a incubação de empresas, sem contar a participação de servidores da Universidade na elaboração de marcos importantes para a cidade como o Plano Diretor, o Plano de Mobilidade Urbana, o Plano de Saneamento Básico, enfim, ações que dão a ela o papel de protagonista no progresso de Dourados”, enfatiza.

FOMENTO DA ECONOMIA LOCAL

Localizada na região Centro-Sul do Estado, a cidade de Dourados representa 14% do total de habitantes de Mato Grosso do Sul. É considerada um polo econômico por sua vocação para o agronegócio, além da indústria, do comércio e de sua infraestrutura de serviços. Outro destaque, no entanto, fica para a artéria universitária do município, que hoje conta com duas universidades públicas, a UFGD e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), além do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), que oferta ensino técnico e superior de forma gratuita e com qualidade de instituição federal e outras duas instituições particulares: a Unigran, ofertando cursos de reconhecida projeção nacional e o Instituto Teológico Batista.

A população de Dourados, que gira em torno de 225 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, recebe um considerável acréscimo populacional flutuante em função dos estudantes oriundos de outros municípios de Mato Grosso do Sul, de outros estados e, até mesmo, de outros países. Dourados é a referência para uma macrorregião formada por pelo menos 30 cidades do entorno, o que eleva seu trânsito populacional para 800 mil pessoas que buscam na cidade melhores oportunidades educacionais e de serviços, como os de saúde pública, com destaque para as dezenas de especialidades cirúrgicas e ambulatoriais atendidas no Hospital Universitário da UFGD (HU-UFGD), o maior hospital – entre públicos e privados – da região.

Desde que foi criada e com sua constante evolução, a Universidade movimenta fortemente a economia local, já que a folha mensal de pagamento dos dois mil e quinhentos servidores e empregados públicos da UFGD e do HU-UFGD totaliza aproximadamente 25,6 milhões de reais. Ademais, as duas instituições empregam cerca de 600 funcionários terceirizados, configurando a UFGD como um dos mais amplos polos de trabalho da região, seja pelo ingresso via concurso público, processo seletivo simplificado ou contrato terceirizado.

“Poucas cidades do País, incluindo as mais de cinco mil cidades do Brasil, têm duas universidades públicas como temos aqui. Isso é muito dinheiro circulando na região, numa análise econômica pontual”, reforça o pesquisador. A Universidade chegou a ser citada em reportagem especial da revista VEJA (edição 2362), em 2015, quando Dourados foi considerada a segunda melhor cidade do País no ranking das dez cidades brasileiras que mais oferecem vagas com salário de R$ 5 mil ao mês. A matéria mencionou os cursos de engenharia recém-criados pela UFGD à época e as usinas de produção de etanol e de energia de biomassa, afirmando que a educação superior e o setor sucroenergético em Dourados seriam os responsáveis pelos bons resultados de outros nichos, como restaurantes, escolas, academias, clínicas de estética e hospitais, que tinham sua demanda de serviço ampliada pela movimentação financeira da cidade. ​

 

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