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Médica chora diante de pacientes com salário atrasado e falta de estrutura na UPA

20 abril 2021 - 15h56

"Estou cansada, meu salário está atrasado, só estou aqui atendendo vocês porque me coloco no lugar dos pacientes, poderia ser um dos meus familiares que estivesse passando por todo este sofrimento".

O desabafo, presenciado pelos pacientes que procuraram a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Dourados na semana passada, foi registrado por Jessica Bezerra da Silva Álvares, residente no Jardim Água Boa, que procurou atendimento médico após ter sido testada positivamente para a Covid-19.

“Precisava da prescrição de uma receita médica para tomar a medicação”, relatou ela ao site VozdaComunidade, para mostrar o quadro. Segundo Jessica, o estado de saúde dela estava se agravando, principalmente em relação a insuficiência respiratória. “Não havia nenhum médico atendendo, até às 17 horas quando finalmente apareceu uma médica que estava intubando uma criança e disse que não ia poder atender a gente”.

"Que sofrimento, meu Deus, havia pessoas aguardando por atendimento desde sexta-feira a noite e nem mesmo informações essas pessoas recebiam por parte da recepção e dos enfermeiros que não davam o mínimo de atenção”, lamentou a jovem.

Jessica disse ao site que ainda entrou em contato via telefone com algumas pessoas para pedir socorro e tentar resolver o problema. "Liguei para o Dr. Diogo [o vereador Diogo Castilho], ele foi muito gentil ao atender o telefone, porém, me disse que naquele momento não poderia me consultar, pois estava em um almoço em família e que já havia ingerido bebida alcoólica”, contou a paciente.

Ela também fez mais duas ligações, sendo uma delas para o prefeito Alan Guedes, que não atendeu e também não retornou a ligação. Jéssica disse que ligou também para o pai de Alan [o advogado Eudelio Mendonça], mas que ele também não atendeu e não retornou a ligação.

A médica que estava atendendo sozinha desde cedo apareceu depois na recepção e disse, em lagrimas, que estava muito cansada e que saiu um pouco e foi para casa tomar medicamentos, pois estava com muita dor na cabeça e se sentindo mal, pediu desculpas a todos que estavam aguardando atendimento e disse que só retornou ali porque estava se colocando no lugar dos pacientes, naquele momento de dor e sofrimento.

Lugar de choro

A UPA foi ativada em dezembro de 2014, depois de ter ficado mais de dois fechada após ter sido concluída com recursos do Governo Federal. Com capacidade de atendimento para até 450 pacientes num período de 24 horas e pelo menos seis médicos em regime de plantão, o local hoje se transformou em lugar de choro.

Jéssica foi atendida por volta das 18 horas daquele sábado, dia 10 de abril, e retornou para isolamento domiciliar, onde se recupera da Covid. A diretora técnica da Fundação de Saúde, que administra a UPA, Angela Marin, garantiu ao VozdaCounidade que nove médicos se revezam diariamente, em escala de três em três, diariamente, na Unidade de Saúde

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