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Toda-poderosa diretora técnica da Fundação de Saúde, Angela Marin pode perder o cargo

14 setembro 2021 - 20h09

Por três votos favoráveis, duas abstenções e um contrário, o Conselho Curador da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados) aprovou, em reunião extraordinária realizada quarta-feira (8) passada, a abertura de procedimento administrativo para apurar denúncias apontadas contra a diretora técnica Ângela Maria Azevedo Cardoso Marin, já citada em reuniões anteriores, desde junho, depois que ela própria confirmou o favorecimento à participação de candidatos em processo seletivo relâmpago realizado para preenchimento de cargos na Fundação, responsável pelo gerenciamento das atividades do Hospital da Vida e na UPA.

Na reunião, onde foi convidada a se explicar, Angela confirmou “vazamento de informação antecipada sobre a realização do certame em reuniões com profissionais da Funsaud”, conforme consta da ata publicada na edição desta terça-feira (14) do Diário Oficial do Município. A diretora confirmou ainda que tais informações foram amplamente repassadas a terceiros, tanto que os organizadores do certame chegaram a receber currículos de profissionais antes mesmo da publicação do edital do Processo Seletivo. Ela tentou justificar que havia condição de urgência para a realização das contratações de pessoal, a fim de evitar uma catástrofe de óbitos na região com a suspensão de serviços de saúde e a emergência sobre a manutenção dos serviços de atendimento Covid no Hospital da Vida.

Foram favoráveis à abertura do procedimento administrativo os conselheiros Raissa Moreira Rodrigues Uehara, Carlos Alberto Longo e o presidente Everaldo Leite Dias. O procurador-geral do Município Paulo Cesar Nunes deixou a sala de reunião na hora da votação, outros dois representantes do prefeito, Edvan Marcelo Morais e Maria Piva preferiram se abster de votar e o outro emissário de Alan Guedes no Conselho, Wellington Rocha de Lima, foi o único voto contra a instalação do procedimento.

NA MIRA DO MP

A diretora técnica Angela Marin já estava na mira do MP (Ministério Público) do Estado desde que foi denunciada, a partir de conversações ‘vazadas’ em mensagens de WhatsApp, de ordens dadas aos médicos do Hospital da Vida “para não disponibilizar medicações cruciais para sedação de pacientes, como fentanil e midazolam, inclusive, podendo estar de forma criminosa e irresponsável abreviando a vida de pacientes”, com base em prints de conversas anexadas na denúncia.

O Procurador Olavo Mascarenhas, da Ouvidoria do MP, foi acionado a partir de denúncia anônima e pediu urgência na apuração “para evitar esse tipo de acontecimento”, mandou que fossem ouvidos, além da direção da Funsaud e de servidores, o secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica da Prefeitura, Henrique Sartori, no sentido de coibir “o risco iminente de vida a pacientes usuários do Hospital da Vida”.

MORTE NA UPA

A morte de um paciente que deu entrada na UPA com quadro clínico agravado em consequência da Covid-19 [Wanilton Alves Pereira, de 50 anos, era um dos 25 pacientes internados no final de semana do feriado de Páscoa, em junho, e que ficaram sem assistência médica, por falta de plantonistas], também foi atribuída ao excesso de poderes da diretora, ainda que ela tenha alertado o prefeito Alan Guedes (PP), além de Sartori e o secretário interino de Saúde na época, Edvan Moraes, de que não haveria médicos para atender às pessoas internadas no local.

No final do mês passado, alegando não dispor das condições de oferecer o atendimento “sem incorrer em eventos adversos na prestação do cuidado”, para justificar a falta de dinheiro e de equipamentos para prestar o serviço e manter o padrão de qualidade exigido da equipe profissional, Angela Marin mandou fechar o Hospital da Vida para todos os tipos de atendimento especializado e as cirurgias eletivas, orientando os pacientes para “aguardar pelo procedimento em casa”, conforme CI (Circular Interna) 76/2021, assinada por ela e distribuída à direção da unidade.

PODER

Angela Marin domina a Fundação de Saúde com ‘mãos de ferro’, é ela quem decide as coisas quando se trata dos serviços de atendimento na UPA e no Hospital da Vida. Todos os fatos denunciados, inclusive o assédio moral e social a servidores e usuários dos serviços prestados nos dois ambientes, foram encaminhados ao MP e chegaram ao Conselho Curador da Funsaud para que resultasse nessa tomada de decisão. Marin dá ordens até no diretor-presidente da Funsaud, o advogado Jairo José de Lima, sócio do pai do prefeito Alan Guedes, o advogado Eudelio Mendonça, apenas comunicado por CI das decisões.

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