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Agronegócio

Vazio sanitário ajuda sojicultores a se prevenirem contra ferrugem-asiática

22 junho 2017 - 17h21

No período de 15 de junho a 15 de setembro, as lavouras do Mato Grosso do Sul estão em período de vazio sanitário, ou seja, uma época em que não se pode semear ou manter plantas de soja no campo. O vazio sanitário é uma estratégia de manejo estabelecida com a finalidade de reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra. No Brasil, 11 estados e o Distrito Federal adotam essa medida, estabelecida por meio de normativas estaduais. Além do Brasil, o Paraguai também estabeleceu o período de vazio sanitário. 

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas, “o vazio sanitário da soja é uma das principais estratégias para o manejo da ferrugem-asiática na lavoura, que é a mais severa doença da cultura da soja”. A pesquisadora explica que o fungo que causa a ferrugem-asiática é biotrófico, ou seja, precisa de hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar. “Ao eliminarmos as plantas de soja na entressafra ‘quebramos’ o ciclo do fungo, reduzindo assim a quantidade de esporos presentes no ambiente”, explica Claudine.

O engenheiro agrônomo da Embrapa Agropecuária Oeste, Alexandre Dinnys Roese, salienta que no Mato Grosso do Sul as condições climáticas favorecem a sobrevivência das plantas voluntárias de soja na entressafra, ao contrário do que acontece nos Estados do Sul do Brasil, onde o clima frio e as geadas dificultam a sobrevivência de plantas voluntárias de soja. “Temos poucas ocorrências de geada e as temperaturas médias são mais altas no MS do que no Sul, assim a germinação de sementes de soja e seu crescimento no inverno é favorecida”, explica. O agrônomo completa “prova disso é que os primeiros relatos da ferrugem asiática na safra normalmente ocorrem aqui na região Centro Oeste do Brasil.

Roese destaca a relação custo/benefício do vazio sanitário, pois gera economia, por meio da redução da quantidade de aplicação de produtos químicos para controle da ferrugem asiática. Outro benefício dessa estratégia de manejo é contribuir para evitar que o fungo desenvolva resistência aos produtos químicos disponíveis. “A dedicação e o profissionalismo do produtor rural são novamente requisitados nesse período de vazio sanitário, em benefício de si próprio, de todo o setor produtivo. E não temos dúvidas de que essa importante tarefa será novamente cumprida com êxito”, destaca ele.

O chefe de divisão de Defesa Sanitária da Iagro (a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Felipe Porto Carreiro Petelinkar, explica que o vazio sanitário é uma medida muito importante adotada no Mato Grosso do Sul há 11 anos e que vem trazendo benefícios para a sojicultura. “O vazio sanitário faz com que a entrada do fungo na lavoura de soja seja atrasada e ocorra uma quebra de ciclo da doença”, disse Felipe.
Ele explica que a fiscalização do Iagro em 2017, deve alcançar 1 milhão e 900 mil hectares, ou seja, 74% da área plantada no Estado, por meio de uma equipe composta por 27 fiscais da área vegetal do Iagro. A legislação estabelece três ações fundamentais que precisam ser realizadas pelos produtores: 1) realização no período de 1º de setembro a 10 de janeiro, do ano anterior, do Cadastro da área de Plantio de Soja (on-line); 2) destruição e controle das plantas voluntárias de soja e 3) não cultivar soja durante todo o período de vazio sanitário.