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Agronegócio

Pesquisador mostra diferença entre incêndio e queimadas no Pantanal

15 outubro 2020 - 14h55

Pesquisador aposentado da Embrapa, e depois de atuar durante 28 anos entre as unidades do Pantanal (20 anos) e Campo Grande (mais oito), o atualmente professor visitante dos programas de pós-graduação em biotecnologia e biodiversidade da UFMS na Capital, Arnildo Pott, comentou para o jornalista Ariosto Mesquita, na revista DBO, a situação dramática vivida pelo Pantanal mato-grossense.

“No Brasil, quando o assunto é Pantanal ou Amazônia, usa-se “queimada”. Quando se mostra o fogo na Califórnia, nos EUA, a denominação passa a ser “incêndio”. Isso é sútil, mas tendencioso”, define, para mostrar exemplos de como o fogo pode se propagar em áreas de densas vegetações como o conceituado santuário ecológico que beneficia o Estado.

“Por volta de 1985, em um dia ensolarado, uma nuvem, que não provocou a precipitação de uma gota sequer, passou sobre a fazenda Nhumirim, da Embrapa. O cozinheiro estava na entrada, nos esperando para preparar nosso bife e acabou morrendo fulminado. Caiu um raiozinho na antena e o atingiu a ponto de derreter a pulseira metálica do relógio. E para acontecer tal fato é necessário temperatura na casa dos 500 graus centígrados. Imagine isso em uma vegetação seca?”, comparou o pesquisador, para mensurar a gravidade da situação.

Ele cita ainda o fato de que muitos caminhões, quando mudam de marcha nas subidas, soltam faíscas próximo ao cano de descarga. Alguns tratores também. E ainda existe a autoignição, relatada em muita literatura científica. Um silo, por exemplo, pode se incendiar em função da fermentação. “Numa ocasião, Ubirajara Fontoura [o agrônomo douradense que por mais de 20 anos foi chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste], mostrou, durante uma apresentação, como as pilhas de compostos para adubo orgânico deveriam ser movimentadas, diariamente, para se evitar incêndios”, lembrou ele.

O contrafogo

Pott também falou sobre o trabalho para se conter essa onda de incêndios no Pantanal. “Vi muita gente com borrifadores costais esguichando água sobre toco queimado enquanto o fogo estava lá na frente. O correto é estabelecer aceiros e usar o contrafogo, que é o fogo controlado que se provoca à frente de um grande incêndio para conter sua propagação. Quando eu residia em Corumbá, estava em uma área de fronteira com a Bolívia quando vi um grupo jogando água onde o fogo já havia passado. Sugeri ao comandante que fizesse o contrafogo. Ele me perguntou: “O que é isso?”.

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