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Corrupção endêmica e a resignação nacional

02 fevereiro 2018 - 22h59

Resignado “é aquele que se submete, pacientemente, a uma força superior”. O homem, açoitado pelas roubalheiras, batido, incrédulo, esmorecido e sem nenhuma esperança, resigna-se: “queda-se resignado tal e qual o porco em chiqueiro de frigorífico, que impotente ouve, sem poder fazer nada, os gritos dos companheiros sendo abatidos”.

No Brasil, a corrupção que embala no seu regaço a assombrosa ladroagem do dinheiro público, em volume inimaginável, causa à sociedade um prejuízo equivalente a drenagem total do sangue de um corpo humano. Esse crime premeditado, dissimulado e renitente, devora a saúde pública, o ensino, a segurança e o desenvolvimento do País.

A corrupção, mãe de todos os males do subdesenvolvimento,
impede que se implante a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento do País, indispensável para que os anseios populares sejam atendidos, melhorando a vida de cada um e fomentando as atividades econômicas, para que funcionem a contento, gerando empregos e os impostos, indispensáveis para que o País funcione como Democracia.

O desarranjo no serviço público promovido pela falta de honestidade, impede a conclusão das obras que se arrastam movidas por aditivos que encarecem o contrato e tem como objetivo apenas “legalizar o roubo”. Construções implantadas ao arrepio do que foi licitado, com valores majorados para atender a “fome por dinheiro” da corrupção ativa e passiva, inconclusas e abandonadas, viram escombros com o correr do tempo, somando o prejuízo de não servir para nada, além de propiciar negociatas entre políticos e empreiteiras.

A polícia investiga, o Ministério público denuncia, o Judiciário julga e condena, a Mídia mostra tudo em detalhes coloridos, inclusive os ladrões sempre negando o desfalque, dizendo-se inocentes, colocando-se a disposição para qualquer esclarecimento, franqueando as contas bancárias, às vezes até chorando, ou invocando os netos como fez o rei dos reis do PT, em entrevista com o juiz federal Sérgio Moro, nosso herói nacional. Como já escrevi em outro artigo: “— Você acha que é necessário perguntar à raposa, para saber-se quem comeu as galinhas?”, temos ainda, que ouvir as “chorumelas” de advogados contratados a peso de ouro, dizendo bobagens em defesa dos escroques que patrocinam, pensando que somos todos idiotas.

O certo é que, a despeito disso e daquilo, os corruptos continuam operando, sem temer qualquer ação da polícia. Todos os dias temos fatos novos, envolvendo políticos e funcionários públicos. Quase todos os dias centenas de policiais estão na rua a procura de corruptos, munidos com mandados de busca nos “mocós” onde as provas dos crimes são arquivadas. No caso do Gedel Vieira Lima, no “mocó” foi arquivado dinheiro vivo, num montante apreciável, que deixou até a polícia encabulada.

O tempo passa... assistimos todos os dias Deputados e Senadores amontoados diante das respectivas mesas dos presidentes do Parlamento, cochichando espertezas. Em nenhum outro lugar do mundo os componentes de colegiados, tem procedimento igual. São surdos aos oradores e alheios aos interesses dos eleitores que os escolheram e arcam com o custo das mordomias.

As reformas necessárias e indispensáveis para que o País caminhe em segurança, com um futuro previsto para o povo, são desvirtuadas ou engavetadas atendendo interesses próprios ou ensejando proteção a sindicatos ou a órgãos corporativos — um e outro — nefastos aos interesses sociais.

A corrupção oficial beneficia-se da ignorância do povo que ela cultiva com empenho, quanto não propiciam os meios necessários e indispensáveis para que as crianças e os jovens tenham ensino em prédios escolares decentes e professores a altura e com salários compensadores. Para o ensino, o que fazem, é roubar até a merenda escolar.

E o tempo passa...as misérias perpetuam-se, enquanto alguns “experts” discutem por dezenas de anos a fio, a implantação de uma Ferrovia ou a ampliação de um aeroporto que venha beneficiar nossa cidade.

Diante do que se escreveu, conclui-se que estamos como os porcos no chiqueiro do frigorífico, impotentes, ouvindo o trovejar da miséria, quando os renais morrem à míngua de assistência e uma multidão de jovens analfabetos, que têm como única opção de trabalho, o tráfico de entorpecentes! Tudo sob a batuta do desmando, da incompetência e da falta de honestidade que se avolumam, sem receio de um possível confinamento numa jaula, como previsto na lei.

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras ([email protected])

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