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A inutilidade das promessas de colaborar com a Justiça

16 março 2019 - 19h37

Ao toque da primeira notícia de que um sujeito está sendo investigado — o que vem ocorrendo com muita freqüência, mostrando inúmeros artistas no palco da Lava-Jato — todos apresentam-se, pessoalmente, ou por advogado regiamente remunerado, colocando-se à disposição da justiça. Abrem mão do sigilo bancário e exigem “investigação rigorosa”. Dispõem-se por fim, a colaborar com a investigação, porque “o maior interessado” no esclarecimento dos fatos, são eles mesmos!

Evidente que o calhorda está praticando o que recomenda o velho ditado: “Um homem prevenido, vale por dois!” Já sentindo o peso da corrente nos mocotós, contrata advogado previamente remunerado, porque o profissional do Direito, também tem lá seu ditado: “Passarinho só canta enquanto na gaiola!”

Agora com o advogado, o meliante faz coro: exige a completa elucidação dos fatos, afiançando que no final, tudo não passará de um mal entendido. Afiança o advogado por seu lado, para reforçar a defesa, que seu cliente, ao tempo do desfalque, estava curtindo merecidas férias na Lua!

Os investigadores, principalmente os da Lava-Jato, já calejados com conversa mole, têm dispensado essas ajudas dos escroques, oferecidas com lágrimas nos olhos. A polícia sabe com quem está lidando e “avalia a colaboração” que lhe prometem os acusados, coadjuvados por seu advogado.

O trabalho, meticuloso e profissional desenvolvido pela investigação, indica que o número de “inocentes” avoluma-se, assombrosamente, todavia não se encontra um único, entre os investigados, que confesse ter furtado um mísero vintém, embora suas atividades, a título de ocupação, não justifiquem a vida nababesca que leva.

Passado o choque surpresa, num segundo tempo, tomado pelo desespero, o escroque corrupto invoca novo argumento: que é vítima de delatores irresponsáveis, os quais nem os conhece e com os quais nunca teve qualquer negócio, ou mesmo uma conversa. Dizem-se vítimas de abuso do poder, quando a “colaboração” oferecida é rejeitada. Que está arrolado em inquérito “pelo ouvi dizer”, sem nenhuma prova real de culpa que justifique a imputação criminosa de que é alvo.

Reclamam os meliantes de colarinho branco e engomado, que a polícia faz de tudo para indiciá-los e metê-los na jaula, onde sobra solidão, mas falta WC (“water closed”), como dizem os pedantes brasileiros; o mesmo compartimento, que os americanos e canadenses chamam de “restroom; e os adeptos do galicismo de “toilette”, fazendo biquinho.

Entenda-se, por fim, que no linguajar das pessoas humildes, “privada” leva o nome de banheiro.

Sem um banheiro decente, também não há um banho quente e para completar a miséria, terão apenas dois cotonetes e um rolo de papel higiênico por semana. A segregação revela-se superlativamente tenebrosa, quando o paciente enjaulado lembra-se do enorme “RESTROOM” que tinha na sua mansão, equipado com sauna, “jacuzzi”, piscina térmica e uma ducha “do outro mundo!”

Tenebrosa segregação! Extrema maldade, impingir a um semelhante tamanho sofrimento, pelo arrebatamento “do pouco que desfrutava” para viver em paz, com o amigo “Scoth” e os amados vinhos! A solidão na cela, é a cobrança da indenização moral devida pelo meliante à sociedade, com tempo de duração dosado pela lei. Impõe-se acumular no tempo da segregação, a hipocrisia, a dissimulação e a imunidade do escroque ao remorso, na execução dos crimes que redundaram em desarranjos sociais, principalmente contra as crianças, quando adulteraram ou suprimiram, a MERENDA ESCOLAR, para embolsar o dinheiro.

Também agrava a pena, o peculato que nega educação às crianças e a saúde ao povo, sacrificando mais os idosos, que não conseguem assistência medica e muito menos os remédios, que os mantém vivos.

Em todos os casos de corrupção e o conseqüente peculato (roubo e furto do dinheiro público), apresentam-se advogados patrocinando os escroques, remunerados com o dinheiro público, para dizer nos canais de TV, que seu cliente é inocente! Imagina o tal advogado, que os contribuintes são PASPALHOS e acreditam nas suas “churumelas”!

Concluindo, precisamos entender que a cooperação do calhorda é dispensável! Você acha que os investigadores precisam contar com a ajuda da raposa para saber quem comeu a galinha?

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras ([email protected])

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