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Opinião

Como prevenir o colapso climático?

10 março 2020 - 17h39Por Erminio Guedes

O problema é o aquecimento global, a terra aquecendo mais do que os cientistas previram. É a tragédia ambiental que vivemos, resultante da liberação pesada de CO2e (gás carbônico equivalente) na atmosfera. Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de setembro de 2019, divulgado na Cúpula sobre a Ação Climática em Nova York, afirmou que a temperatura média do planeta pode subir 3,4°C até 2100. Segundo a organização meteorológica mundial, 2019 estaria entre os três anos mais quentes, desde 1850 e o mês de novembro de 2019, o segundo mais quente em 140 anos. No atual ritmo de emissão de gases do efeito estufa – GEE na atmosfera, a temperatura pode aumentar de 4 a 5°C, até o final do século, mesmo que os signatários do Acordo de Paris cumpram os compromissos. Isso seria o fim de muitas espécies e milhares de indivíduos da biodiversidade, inclusive o homem.

As emissões provém, principalmente, das atividades humanas, através da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e queimadas de florestas, gestão imperfeita do saneamento básico e das atividades econômicas. No Brasil, 70% do total de GEE liberado, provém de incêndios florestais e das atividades rurais.

As imensas liberações engrossam o “cobertor” e a terra aquece, além do normal, causando o efeito estufa. A primeira consequência disso é alterar o clima, como acontece hoje, depois pode faltar água, alimentos e condição de vida a biodiversidade do planeta.

A pergunta: Não podemos prevenir a tragédia e termos um mundo melhor para viver? Claro que sim. Basta querer, afinal, a comunidade muda quando recupera seus valores e decide se desenvolver. Mas não é simples, porque envolve conceitos e valores do mundo científico e da população, das nações e do modelo de desenvolvimento. A decisão é difícil porque requer mudar a matriz energética, parando a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) e passando à energia limpa, barata e sustentável, como a solar, eólica e da biomassa.

A ONU tenta segurar, no Acordo de Paris mas, tem espertos tentando escapar, como EUA, Índia, China e, pasmem, o Brasil. Os americanos já foram e os outros tentam “roer a corda”. Mas COP25, ainda longe de responder à urgência climática apontada pela ciência, alcançou acordo mínimo, no texto que "impõe" transição a um mundo com saldo zero de carbono, até 2050. E a União Europeia dá a largada e anuncia acordo sobre neutralidade de carbono até 2050. No final, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou: "Eu estou mais determinado do que nunca em trabalhar para que 2020 seja o ano em que todos os países se comprometam em fazer o que a ciência nos diz, para alcançar a neutralidade do carbono em 2050 e o aumento de temperatura fique até 1,5o C".

De fato, não é mais aceitável a poluição da atmosfera, se sabemos que o efeito estufa é o fim do equilíbrio, com sérios riscos à vida, no planeta. O esgoto clandestino, os lixões, os chaminés de indústria, as queimadas florestais e do lixo, as atividades poluidoras, têm de parar. Ou se para isso agora ou virão efeitos incontroláveis. Esse é o desespero planetário.

É preciso juízo neste momento e assumir o paradigma da sustentabilidade, afinal cada brasileiro libera o equivalente a 10 t de CO2e/ano, ou 27 kg/dia. Os comuns têm de aprender a fazer dinheiro a partir dos seus erros, zerando o desmatamento e as queimadas de florestas e gerindo melhor as atividades econômicas. Estamos enterrando ou queimando R$ 50,00 per capita/mês, no lixo. Precisamos reaprender a fazer certo, se quisermos um mundo saudável, para viver.

* O autor é Engenheiro Agrônomo, Consultor