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Opinião

Verdadeira tragédia, que muitos tentam esconder

07 maio 2020 - 15h55Por ERMINIO GUEDES

O IBGE apontou que, em 2019, metade dos brasileiros, ou quase 105 milhões de pessoas, sobreviveram com menos de R$ 15 por dia, ou R$ 438 mensais e os 10% mais pobres, o equivalente a 20,95 milhões de pessoas, ficaram com apenas R$ 112 por mês, ou R$ 3,73 por dia, para satisfazer todas as suas necessidades básicas. Enquanto isso, os mais ricos, equivalentes a 1% da população, em pouco mais de dois milhões de pessoas, viveu com R$ 17.373 mensais.

Essa é a expressão da desigualdade e pobreza no Brasil. Por isso somos o segundo País do mundo em desigualdade social, segundo a ONU. Como enfrentar a pandemia de coronavírus num país onde a metade é miserável e fragilizada em segurança higiênico sanitária?

Com certeza, perderemos a guerra para a desigualdade e a pobreza. A prova disso está dada, no número de pessoas contaminadas e mortas, que aumentam na razão direta da chegada da Covid - 19, nas comunidades periférica, onde não há moradia, saneamento básico e saúde pública.

Não temos lideranças para tamanho desafio. Um judiciário claudicante e medroso que “só arrodeia o toco”. Um legislativo, em maioria, viciado em benesses, mesmo que isso continue as mazelas. Partidos políticos conservadores ávidos ao espúrio “toma lá dá cá”. Um governo temerário, que bate cabeça desde o primeiro dia, num verdadeiro “baile de loucos”, de tiroteio infernal, onde todos gritam e ninguém se entende. Um governo sem liderança, que poucos confiam, num presidente desagregador que se presta mais para agitar e incentivar infratores à desordem democrática e a dilapidar o patrimônio social.

E a população? Bem, esta continua presa fácil. A dificuldade que tem em compreender e agir na construção da própria soberania, em grande parte, ainda acreditando no “salvador da Pátria”, numa espécie de ranço autoritário de origem escravocrata. Algo difícil de dizer, mas olhemos a história dos equívocos na direção do precipício. Algo emblemático disso está na educação, transformada num anestésico “à burrice”, depois do ensino que ensina a pensar, ser sacrificado. O movimento social ainda não sabe dizer “basta” e, em muitos casos, legitima o caos e renuncia o futuro.

Como disse o saudoso Flávio Magliaccio - “não deu certo” – “Cuidem das crianças”! Precisamos cuidar, das crianças e de nós mesmos, para aprender que, ao lado da gente má que conhecemos, acabam os sonhos e enterra-se a esperança.

Temos de reencontrar a confiança e reconstruir o sonho do futuro que queremos.

* O autor é Engenheiro Agrônomo, consultor