O assunto dos últimos dias em Mato Grosso do Sul foi a operação Uragano e seus desdobramentos. Quase não se falou, contudo, no espetáculo que o denunciante Eleandro Passaia protagonizou em cima da desgraça alheia, com direito a noite de autógrafos de um arremedo de livro, celebrada ridiculamente de “festa” num texto da mídia local.
Penso que esses dias deveriam ser de vergonha e dor, sem ufanismos e manifestações hipócritas. Muitos que foram as ruas comemorar a queda especialmente de um governante – justa, por sinal, pelas evidências que já eram denunciadas há tempo – são cidadãos que recebem benesses de nossa cultura política doentia: gasolina, alguns trocados pelo voto, material de construção, etc.
Aliás, se Jesus Cristo estivesse por aqui certamente olharia para a multidão e no mínimo diria uma coisa: “Quem não tem culpa, que atire a primeira pedra”. No meio desta galera que extrapola as vias legais da livre manifestação é provável que muitos tenham sido responsáveis pela eleição dos “propineiros”. Outros, quem sabe, continuam alimentando o câncer do fisiologismo.
Temo que nesta festa podre, para a qual, graças a Deus, não me convidaram, alguns personagens sejam inocentes ou não sejam tão culpados quanto o quadro sugere. Neste caso, quem arcará com os prejuízos das marcas que ficam? Por essas e outras, abomino os holofotes direcionados para o denunciante. A gravidade da situação requer que voltemos o rosto para Deus, para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum e pano de saco e cinza, por uma Dourados melhor!
