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Cultura

A proteção de Santa Cecília para os músicos douradenses!

22 novembro 2020 - 13h17Por Fernando dos Anjos Souza e Elio Correia Vicente Júnior

Comemora-se, em 22 de novembro, o "Dia da Música", dedicado a Santa Cecília no calendário santoral católico, considerada a Padroeira Internacional dos Músicos.

Santa Cecília, nobre jovem romana, converteu-se ao Cristianismo, fez seu voto de virgindade perpétua e jurou viver para o amor de Deus. Prometida em matrimônio por seu pai, casou-se contra sua própria vontade. Seu esposo abraçou a fé cristã e respeitou o voto de castidade. Por negarem-se a abandonar a fé cristã, a seu marido aplicou-se a pena da morte por decapitação e Santa Cecília foi torturada, vindo a falecer no terceiro dia de suplício. Existe a crença de Santa Cecília ser possuidora do dom de ouvir melodias tocadas diretamente do Céu e ter, durante o martírio, cantado hinos de louvor a Deus.

No Brasil, Getúlio Vargas, considerando os sentimentos cristãos e artísticos do povo brasileiro oficializou essa comemoração. Em 1º de fevereiro de 1932, publicou o Decreto nº 21.011, ainda hoje em vigor. O conteúdo é simples: "Artigo Único – O dia 22 de novembro fica considerado o 'Dia da Música', devendo ser comemorado pelas bandas de música militares e, bem assim, nos estabelecimentos de ensino oficial, sem prejuízo dos trabalhos escolares".

Em 1808, após o desembarque da Família Real no Rio de Janeiro, a banda da Brigada Real da Marinha, trazida por Dom João VI, executou dobrados durante o cortejo real, o que seria a primeira apresentação de banda de música no Brasil.

De forma pioneira, em 1870, durante a épica Retirada da Laguna, um episódio da Guerra da Tríplice Aliança, acontecido na região do atual Estado de Mato Grosso do Sul, destacou-se a banda militar do 17º Batalhão de Voluntários da Pátria, organizado em Minas Gerais na Força Expedicionária ao Sul do Mato Grosso.

As bandas de músicas militares são originárias das fanfarras da cavalaria da época medieval. Por isso, as distribuídas para as organizações militares da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro recebem a denominação de fanfarra, como é chamada a corporação musical do Comando da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada.

Nas fanfarras, militares de carreira e temporários, escalonados de cabos a tenentes, executam instrumentos de três grupos de nipes. No grupo madeira, existem clarinetas e saxofones. Nos metais, ecoam trompetes, cornetins, fluegelhons, hornes, trombones, saxhornes e tubas. A percussão é formada por tímpanos, bombos, pratos, tarol e caixa surda.

O 1º Sargento Músico Samuel Lopes da Silva foi o primeiro a exercer a função de mestre da fanfarra em Dourados, sede do Comando da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada desde 1982. O cargo de regente ficou vago até 1984, quando assumiu o 2º tenente Silas Viana de Souza. Outros o sucederam, provenientes de vários estados brasileiros, assim como os músicos que a integram. O regente atual é o 1º Tenente Isaac Santos da Fonseca e tem como maestro o subtenente Fernando César Freitas.

Vocacionadas para eventos castrenses, as bandas militares atuam com a missão de elevar a moral da tropa. Realizam, ainda, apresentações artísticas em eventos na sociedade. A fanfarra do Comando da 4ª Bda C Mec apresentou-se no Lar Santa Rita, Lar do Idoso, Abertura do Natal para Todos, missas na Catedral e na Paróquia Bom Jesus. Em 2020, realizou tocatas nas Vilas Militares, levando música e alegria durante o período de distanciamento social causado pela Covid-19.
Homenageamos os músicos militares, pelo Dia da Música e reverenciamos outros talentosos que deixaram saudades: o maestro Adilvo Mazzini, incansável professor de música, e o compositor, intérprete e cantor Nildo Pacito. E enaltecemos, em uma lista interminável de músicos com raízes douradenses, o poeta, compositor e professor Emannuel Marinho, o inspirador Renato Teixeira, o harpista Rafael Deboleto, a cantora Mariana Suzuki, o violeiro Dito Freitas, os violeiros Paulo César e Vanderley, o roqueiro Fernando Dagata com a banda Aluizos, o versátil Vilella, o compositor Carlos Fábio, o jovem Rafael Diego, os indígenas do Brô MC’s, e os integrantes da orquestra da UFGD. Com sua arte, todos alegram o oásis douradense e projetam a nossa Dourados cintilante em outros rincões.

A todos eles, invocamos a sagrada intercessão de Santa Cecília!

* Os autores: Fernando é Coronel R1 do Exército Brasileiro, prestando tarefa por tempo certo no Comando da 4ª Bda C Mec e Elio, militar integrante da Fanfarra do Comando da 4ª Bda C Mec e licenciando em Música no Claretiano – Centro Universitário.