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Opinião

Palácio Jaguaribe

02 maio 2011 - 14h13Por José Tibiriçá Martins Ferreira

O nome Jaguaribe vem do tupi, segundo Silveira Bueno, vocábulo indígena que significa "no rio das onças", tupi yaguar: onça;  y: rio  e pe: em. O Rio Jaguaribe banha o estado do Ceará, nome também de um município no estado.  Ceará outro nome indígena (tupi), quer dizer “canto de jandaia”, frase que se encontra em “Iracema”, (lábios de mel) livro publicado em 1.865, de autoria de José de Alencar, escritor cearense.

Há cerca de duas semanas, recebi uma incumbência do professor Idenor Machado, atual Presidente da Câmara de Vereadores de Dourados para apresentar uma biografia sobre o Patrono do Palácio em que atuam os nossos nobres legisladores. Senti-me orgulhoso, afinal sou douradense, nascido no Distrito da Picadinha. Tamanha responsabilidade, afinal existem várias pessoas importantes na nossa história brasileira com o nome JAGUARIBE, político, advogado, diplomata, cientista político, general e membro de academia de letras, como Hélio Jaguaribe, atualmente ocupante da Cadeira no 11, eleito em 3 de março de 2005 na sucessão de Celso Furtado

Helio Jaguaribe de Mattos, academicamente conhecido como Helio Jaguaribe, nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1923, diplomou-se em Direito. Filho do eminente geógrafo e cartógrafo da Comissão Rondon, General. Francisco Jaguaribe de Mattos  e de Francelina Santos Jaguaribe de Mattos, nascida em Vila Nova de Gaia, Portugal, filha de um grande exportador de vinho do Porto.

Seu filho Roberto Jaguaribe é embaixador do Brasil no Reino Unido e Irlanda do Norte,  desde o ano passado. É graduado em Engenharia de Sistemas pela PUC do Rio e está na carreira diplomática desde 1979.

O que nos chama atenção é a presença de pessoas ilustres brasileiras com nome indígena, que demonstra uma grande valoração aos nossos primeiros habitantes tupis-guaranis.

Consegui em fim descobrir qual JAGUARIBE era o Patrono da Casa de Leis de Dourados, graças a um trabalho realizado pelo jornalista Luiz Carlos Luciano em 2005, que me permitiu levantar sua biografia.

DOMINGOS JOSÉ NOGUEIRA JAGUARIBE FILHO passou a ser o Patrono da Câmara de Vereadores de Dourados a partir de 22 de março de 1969, cuja Sessão que aprovou seu nome, aconteceu no dia 17 de Abril de 1968.

Nasceu em Aracati-CE. Aracaty (Tupi) significa "Bons Ventos", no dia 02 de novembro de 1.848, filho do Visconde de Jaguaribe e Dona Clodes Santiago de Alencar Jaguaribe. O Visconde Jaguaribe, pai de Jaguaribe Filho, era bacharel em direito, formado pela Academia de Olinda e em 1870, foi eleito senador pelo Ceará. Foi ministro da guerra em 1871, sendo condecorado com a medalha da Campanha do Paraguai.

Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro em 1.874, aperfeiçoou-se em Paris, exerceu com brilho sua profissão em São Paulo. E teve duas filhas, Laura e Flora.

Sua tese de medicina era: "Aclimatamento das raças sob o ponto de vista da Colonização do Brasil". Escreveu os seguintes livros: Reflexões sobre a colonização no Brasil (1878); Questões sociais; Os herdeiros de Caramuru; Arte de formar homens de bem; Carta a Sua majestade o Imperador; Canalização do rio São Francisco para o Ceará; O Município e a República; propaganda em favor do Município; O veneno moderno; O Império dos Incas; Atlântide; O Brasil antigo, traduzido para o francês pela Societá dês Antiquités Americanes, mereceu medalha de ouro. Dedicava-se a pesquisar história junto com seus amigos Capistrano de Abreu e Benedito Calixto.

O Dr. Jaguaribe foi eleito deputado provincial pelo 8° Distrito de São Paulo, impediu a entrada de escravos com o imposto de dois contos de reis por cabeça e libertou os negros de sua fazenda.  Em 1888 foi eleito deputado geral pelo Ceará, na última legislatura imperial, sendo candidato da Confederação Abolicionista. Teve a honra de representar ao mesmo tempo as províncias do Ceará e de São Paulo. Foi médico, lavrador, político e escritor. Manifestou suas idéias democráticas no Congresso Agrícola de 1878 e se declarou republicano na Assembléia de 6 de junho de 1889, juntamente com Cesário Alvim, padre João Manuel e Tavares.  Em 1891 foi eleito deputado para o Congresso Constituinte do Estado de São Paulo. Renunciou, porém seu mandato em outubro do mesmo ano desgostoso por ver o seu projeto que criava a escola agrícola e de veterinária, de manifesta utilidade pública, rejeitado pela Câmara. Retirou-se da política em 1892.

Sugiro ao Senhor Presidente da Câmara de Vereadores de Dourados que sua foto seja colocada no Plenário com sua biografia. Antes da reforma da Câmara, existia na sua entrada uma lápide à esquerda com os dizeres: Palácio Jaguaribe. Ela foi retirada e deve estar em algum lugar do prédio.

O autor é advogado