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Polícia

Após advertência, agentes penitenciários aprovam paralisação por tempo indeterminado

26 setembro 2017 - 19h42

“Como o Governo não avançou, prefere nos desafiar ao invés de chamar para conversar, e apresentar uma proposta que seja, no mínimo, possível de ser analisada, já temos aprovada a paralisação por tempo indeterminado no Estado, faltando apenas definir o calendário e as diretrizes dessa movimentação”. A afirmação é do presidente do Sinsap-MS (Sindicato dos Servidores da Administração do Sistema Penitenciário de MS), André Santiago, após considerar um sucesso a greve de advertência, de 24 horas, realizada no final de semana. “Tivemos mais de 95% de adesão em todo o Estado”, comemora.

André disse, no Douranews, que o Estado comete um grande erro ao desconsiderar os números já colocados pelo Sindicato, e que, segundo ele, também são, com certeza, de conhecimento do Governo. “Não existe segurança nenhuma, nem para quem trabalha e nem para a sociedade, diante de uma média de um agente para cuidar de 900 detentos; o risco é iminente e diário”, afirma o sindicalista.

A categoria está em negociação salarial com o Governo que afirma não ter condições de atender ao que se pede. “Queremos 16% de reajuste, isso só para recuperar perdas do passado, e o Governo nos oferece 2,94%, além de não explicar o tratamento diferenciado que aplica em áreas semelhantes. “Para a Militar ele [o Governo] deu 5%, para a Civil, 6%, sem contar que esses dois segmentos tratam com presos temporariamente e nós, os agentes, diariamente, durante toda a execução da pena”.

André Santiago disse que o clima é preocupante a partir do momento em que as unidades prisionais se transformaram em ‘escritórios’ do crime. Segundo ele, atualmente, pelo menos, oito agentes penitenciários estão jurados de morte pelo crime organizado [um de Dourados e mais um de Corumbá, outro de Naviraí, dois de Três Lagoas e três de Campo Grande], informando, ainda, que a casa do diretor da Máxima na Capital amanheceu o final de semana pichada com frases ameaçadoras atribuídas a membros do PCC (o Primeiro Comando da Capital), uma das facções que controlam o crime de dentro dos presídios.

Hipocrisia

De acordo com o presidente do Sinsap-MS, as recentes ações de repressão ao trabalho de agentes, com varreduras no interior de unidades e o afastamento de servidores das funções, não passam de tentativa para ‘desviar o foco’ da realidade. “Hoje nós trabalhamos com um déficit de 1700 agentes no Estado; do último concurso, realizado em 2016 com 435 vagas, pouco menos de 300 foram chamados, ainda assim para cumprir funções diversas. Somos em torno de 1600 no Estado para atender 16 mil presos em 54 unidades de 17 cidades”, afirmou.

Além da questão salarial, o Sindicato defende que seja estabelecido em lei os critérios para escolha do diretor de unidade, pelo sistema de eleição direta e que o cargo de diretor da Agepen também seja privativo do servidor de carreira, sem ingerências políticas.”Também defendemos o fechamento das cantinas nas Unidades, fornecer lanche e alimentos deve ser responsabilidade do Estado, agente não fez concurso para trabalhar nisso”, concluiu.