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Política

Lula diz que não gostaria de cargo na ONU

27 dezembro 2010 - 21h22Por Redação Douranews, com Terra

Às vésperas de deixar a Presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que não gostaria de ocupar, após o término de seu mandato, cargos em um organismo multilateral, como na Organização das Nações Unidas (ONU). A lógica dele é a de que, se um político integrar o posto, abrirá espaço para que outros governantes - o presidente dos Estados Unidos, por exemplo - possa ter a mesma prerrogativa e, com isso, manter inalteradas as entidades que coordenam a geopolítica mundial.

"Tenho uma tese. Acho que nós, nessa questão em relação internacional, sobretudo em relação à ONU, temos que ter alguns burocratas muito competentes para dirigir foros multilaterais e diminuir (o peso da) política, porque se um presidente do Brasil aceita ser secretário-geral da ONU, porque amanhã não pode ser o presidente do Estados Unidos? É isso que é muito difícil. É melhor que a gente coloque sempre um bom técnico. A política quem tem que fazer são os presidentes, afinal de contas, o secretário da ONU, o secretário da Unasul (União das Nações Sul-americanas), são, nada mais, nada menos, que funcionários", disse Lula ao receber jornalistas para uma confraternização de fim de ano.

Ao comentar as atuais estruturas de órgãos multilaterais, o presidente lembrou o apoio que o governo brasileiro deu ao Irã, ameaçado na ocasião de sofrer sanções comerciais por suspeitas de manter um programa pouco transparente de energia nuclear. "Passaram-se anos e anos dizendo que o Irã era radical e não queria sentar à mesa. Nós fomos ao Irã, junto com a Turquia, e levamos o Irã à mesa. Quando o Irã concordou, (disseram) 'agora não queremos mais, agora tem que punir'. Por isso defendemos mudança no Conselho de Segurança das Nações Unidas, porque as Nações Unidas já não representam mais a geopolítica de 2010", destacou.

"A única coisa que fez que não desse resultado foi o Conselho de Segurança, que achou demais alguém que não era do meio deles ter conseguido o que eles não conseguiram. Isso foi triste, lamentável, mas de qualquer forma, foi feito", disse Lula, que criticou ainda a relação dos Estados Unidos com a América Latina e a postura da Casa Branca como mediadora do conflito no Oriente Médio.

"Não haverá acordo de paz no Oriente Médio enquanto os EUA acharem que sozinhos podem ser o tutor da condução da paz. E por que não pode ser? Porque eles são parte do conflito. Gostaria que a relação dos Estados Unidos com a América Latina (também) fosse uma relação diferente da relação que é hoje. É preciso que os EUA compreendam a importância da América Latina. A América Latina é um continente de paz. Me parece que os americanos não tem uma visão mais otimista da América Latina e da América do Sul. Sempre teve uma relação de império com os países pobres. Essa visão precisava mudar. O problema é que, nos Estados Unidos, eles costumam terceirizar a política externa. É o subsecretário disso, é o subsecretário daquilo. A verdade é que não mudou nada na visão americana (sobre) a América Latina", afirmou.

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