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A fúria da natureza

13 fevereiro 2020 - 17h15Por Erminio Guedes

Não é para assustar. Mas, a crise ambiental que vivemos é muito grave. Catástrofes climáticas estão espalhadas no mundo, causando estragos materiais, econômicos e na vida da biodiversidade, inclusive em perdas humanas.

Não tenham dúvidas, o aquecimento global é o iminente colapso climático, que já dá sinais, em terríveis vendavais, secas intermináveis e enchentes avassaladoras, como ocorre no Brasil e incêndios incontroláveis, como na Austrália.

"Infelizmente, veremos muitos eventos climáticos extremos em 2020 e nas próximas décadas, alimentados por níveis recordes de gases de efeito estufa", disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM/ONU), Petteri Taalas. Desde 1980, cada década foi mais quente que a anterior, com tendência de continuar em eventos extremos. A década de 2010 a 2019 foi a mais quente. Segundo a OMM, em 2019, a temperatura superou em 1,1°C a média pré-industrial (1850-1900). "Na trajetória atual das emissões de CO2e, nos dirigimos ao aumento de 3 a 5oC até o final do século", advertiu Taalas.

Nessas condições, poderá faltar água para beber e oxigênio para respirar, porque sem florestas e mortas as algas, cessam as fontes naturais. A temperatura, com 4oC acima do normal, elimina a maioria das espécies da biodiversidade, bagunçando o equilíbrio ambiental e o homem precisará de climatização para viver e trabalhar. Haverá uma demanda de energia, de difícil atendimento.

As chuvaradas em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro demonstram a fúria da natureza com os agressores, na vingança que tarda mas não falha. As chuvas estão descontroladas, na razão da degradação ambiental. Nas últimas décadas, as chuvas violentas são mais frequentes e se revezam nas regiões Sul e Sudeste, onde os “rios voadores”, vindos da Amazônia, se encontram com correntes do mar e despejam a carga pesada, levando o que tiver pela frente.

O saber da natureza é distribuir e infiltrar a água no solo para formar aquíferos e manter nascentes e rios, ecossistemas e a biodiversidade. O homem não respeita isso. Faz cidades não planejadas para infiltrar a água da chuva e, por isso, as enxurradas. O campo ainda precisa aprender a ganhar dinheiro, retendo a água da chuva para evitar erosão e obter mais produtividades.

Mas, o que fazer? Zerar o desmatamento e as queimadas, para ajudar metas do Acordo de Paris e segurar o efeito estufa em até 2oC, acima do normal, até 2030.

Para isso, as cidades precisam rever o Plano Diretor e destinar 30% dos terrenos para infiltração da água, mediante plantio de árvores. Também, reservar água da chuva para uso sanitário doméstico. A agricultura, reservar água da chuva para que infiltre no solo e irrigue os cultivos e mantenha ecossistemas vivos. A estimativa é que em solo desflorestado só 20% da água que cai, infiltre e o resto forma erosão.

Desejam catástrofes climáticas? Não. Então, precisamos de atitudes na prevenção, porque é mais barato prevenir do que gastar no socorro às vítimas e recuperar o destruído. É hora de repensar nosso erros e apreender com eles. O Covid – 19 é mais um aviso do desequilíbrio.

* O autor é Engenheiro Agrônomo, consultor.

 

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