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Medicina preventiva: aposta em um futuro sadio

20 março 2020 - 16h22Por Eduardo Marcondes

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil cada vez mais torna-se importante prevenir doenças e pensar em qualidade de vida. Em um conceito mais amplo, tudo o que se pode fazer em prol da saúde antes que qualquer doença se instale pode ser considerado medicina preventiva. Mas esta é uma especialidade abrangente que ganha evidência cada vez maior no Brasil, razão pela qual penso ser necessário falarmos mais sobre esse novo e mais barato modelo de medicina, notadamente no que tange à saúde pública.

Em países como Canadá e Estados Unidos a medicina preventiva vem tendo a sua aplicação nos consultórios desde a década de 80. Hoje esta é uma área avançada que engloba estudos epidemiológicos, genéticos e tecnológicos. Neste sentido o objetivo não é só viver mais como também com mais qualidade de vida.

No Brasil a especialidade já é realidade na saúde pública e nos convênios por ser eficiente e menos custosa do que a curativa. Programas sociais como o Programa de Medicina Preventiva da USP e o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva (GAMP) em São Paulo, e o Saúde Presente (Rio de Janeiro) encontram-se também em outras cidades e aumentaram significativamente. Na medicina preventiva são levados em conta a tecnologia disponível e o menor custo possível. Uma promessa, embora ainda distante da maioria da população pelo seu alto custo é o avanço na área da genética e a possibilidade de diagnosticar bastante precocemente a predisposição a doenças.

Existem dois tipos de medicina preventiva: aquela focada em evitar a doença, que pode ser realizada por exames e atitudes preventivas. Exemplos: vacinas, mamografia anual, exame de próstata (PSA), alimentação saudável e atividade física regular; e a que evita o agravamento de doenças que já existem. Exemplo: um diabético que faz exercícios e cuida do que come, prevenindo assim complicações. Este trabalho se reflete nas condições gerais de saúde do paciente. O resultado é a diminuição de gastos com medicamentos, cirurgias, internações, menos desgaste psicológico e longevidade – com saúde. Pense nisso e procure saber como usufruir da melhor forma da medicina preventiva.

Evitar o surgimento de doenças e criar mecanismos de diagnóstico e tratamento para enfermidades em estágio inicial são dois dos focos de atuação da medicina preventiva, que encontra na lógica do “prevenir é melhor que remediar” sua maior contribuição para a gestão da saúde populacional. Segundo dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), cerca de 40% da população adulta brasileira tem pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT). O levantamento, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta ainda que as DCNT são responsáveis por mais de 72% das causas de mortes no Brasil. A hipertensão arterial, o diabetes, a doença crônica de coluna, o colesterol (principal fator de risco para as cardiovasculares) e a depressão são as que apresentam maior prevalência no país.

O cenário não é exclusivo do Brasil. De acordo com o British Medical Journal, 37 milhões de mortes prematuras, no mundo inteiro, poderiam ser evitadas até 2025, caso fossem tomadas medidas de promoção de saúde – como cuidados com a alimentação, práticas de atividades físicas e companhas de incentivo ao fim do tabagismo. Essa abordagem, conforme mostra a Organização Mundial de Saúde (OMS) representa não apenas a redução de fatores de risco como também de custos. O órgão internacional dá conta de que para cada dólar investido na prevenção, 4 dólares seriam economizados em serviços de saúde.

São esses os valores trabalhados pela medicina preventiva, que se dedica à prevenção de doenças por meio de ações que se antecipam aos quadros clínicos, acompanhando e tratando os sintomas, impedindo que as enfermidades se instalem. No hall de ações dessa área da medicina incluem-se desde programas de vacinação e realização de exames periódicos até projetos de incentivo à prática de atividades físicas, monitoramento de hábitos alimentares e controle de peso, passando também por atividades voltadas ao bem-estar psicológico e emocional – que agem na prevenção de males cada vez mais comuns no mundo moderno, como transtornos de ansiedade e quadros de depressão. Apostar na medicina preventiva é evitar a hospitalização, os prejuízos econômicos que as doenças acarretam aos que são acometidos e incapacitados e otimizar os parcos recursos destinados à saúde pública. É apostar em um futuro sadio.

* O autor é Médico pediatra, ex-secretário municipal de Saúde, com MBA em Saúde Pública

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