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Saúde

Japão diagnostica como autistas brasileiros com dificuldade de aprendizado

11 julho 2016 - 04h00

Faz dois anos que Hayenne não frequenta uma escola regular. A garota brasileira de nove anos, que mora em Hamamatsu, na província japonesa de Shizuoka, é educada por voluntários enquanto a mãe, Arianne Hayasaka, de 33 anos, trava uma batalha provar que a filha não é autista, diferentemente do atestado pelos profissionais contratados pelo município para triar crianças com necessidades especiais. O caso de Hayenne não é o único. Segundo dados do governo do país asiático, compilados por um grupo de ativistas e divulgados pela ONG Serviço de Assistência aos Brasileiros no Japão (Sabja), 6,15% dos alunos brasileiros seriam autistas - entre os japoneses, o índice é de 1,49%.

Essa proporção muito maior de diagnósticos de autismo entre os filhos de brasileiros criou polêmica e motivou críticas até do governo brasileiro. Os profissionais de saúde e educação ainda não conseguem explicar as razões para tantos casos. Mas Edilson Kinjo, presidente da organização sem fins lucrativos SAB (Associação Amigos do Brasil), tem uma teoria: a forma como o teste é feito.

"É claro que não temos tantas crianças autistas assim", afirma o ativista, que acompanha a questão há mais de seis anos. Para Kinjo, muitas crianças não entendem perfeitamente o idioma japonês e acabam não respondendo aos comandos do profissional durante a avaliação, mesmo sendo ele um médico ou psicólogo.

"O resultado é que a criança não consegue responder aos estímulos e, consequentemente, a escola conclui que ela tem necessidade especial e já a classifica como autista", diz.
Procurado pela BBC Brasil, o Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia do Japão não quis se pronunciar sobre os dados. "Devido à falta de uma metodologia e de outros detalhes da pesquisa, não podemos comentar", justificou em nota.