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18/06/1999 - Segunda leva de demissões da Telems em Dourados

18 junho 2021 - 14h07Por JOSÉ TIBIRIÇÁ MARTINS FERREIRA

Há 22 anos, numa sexta-feira como hoje, no final da tarde, fui demitido da Telems na segunda facãozada do governo FHC. Estava na minha sala preparando uma contestação para participar de uma audiência da empresa na segunda-feira em Nova Andradina-MS. Meus colegas, após a assinatura do aviso prévio, desciam a escadaria do prédio de 86 degraus ou elevador de cabeça baixa, alguns com lágrimas escorrendo pelo rosto, não conformados com o que estava acontecendo.

Na minha vez, como eles, senti-me humilhado, pois tinha ajudado também a longos anos de trabalho, por 23 anos aproximadamente, a construir um património que foi vendido num leilão no dia 29/07/1998 para empresas estrangeiras estatais europeias e banco Opportunity dos EUA, com financiamento para pagamento do restante da aquisição. Deram 50 por cento de entrada e os outros 50 por cento da dívida foi financiado com empréstimo junto ao BNDES, uma verdadeira bondade pelo governo da época.

TIBIRÇA TELEMS

Hoje apenas dois empregados daquela época ainda permanecem na empresa em Dourados, os técnicos de telecomunicações Dirceu Sanches e Carlos Galvão e Silva. O prédio da Telems que se situa na Rua Major Capilé, ponto de acesso, tem como frente a Rua Camilo Ermelindo da Silva até a Avenida Weimar Goncalves Torres, hoje com um aspecto de abandono e tristeza, pois antes era bem conservado, considerado um dos cartões de visita da cidade.

Como dissera Ulysses Guimarães, o tucano, um pássaro em extinção, destrói os ninhos a procura dos ovos dos outros pássaros para se alimentar. Um pássaro de vôo curto e simboliza este partido que se intitula como partido da social democracia que governou o país por oito anos, cujo presidente no primeiro mandato fez a privatização nos moldes do pega lá e dá cá.

A privatização das teles foi em parte muito boa porque hoje todos têm facilidade na aquisição de um telemóvel e fixo. O único erro foi ter o govetno FHC usado o dinheiro para comprar os congressistas, algo que foi denunciado pela mídia para alterar um artigo da CF para poder haver a reeleição.

No governo militar os meios de comunicação tiveram um avanço muito grande integrando o Brasil às regiões mais longínquas, do Arroio ao Chuí. Na Nova República que começou com Sarney o sistema caiu nas mãos de políticos profissionais. Lembram-se do senador Antônio Carlos Magalhães? Médico de formação, comandando o Ministério das Comunicações, fez a distribuição de canais de TV e rádios para os "companheiros"?

Em nosso estado foi indicado pelo senador Rachid Saldanha Derzi o proprietário de uma imobiliária em Campo Grande, Sílvio Lopes, para presidir a Telems, saiu porque sofreu um infarto, vindo a falecer, pois estava sendo investigado por falcatruas. O Sinttel-MS na época propôs uma ação popular e conseguiu afastar o restante da diretoria que estava também envolvida, parte dela.

O maior problema da "nova república" é que a maioria das indicações políticas tiveram esses dissabores, pois não se levava – e até hoje - em conta que é um bem público a serviço da população e que tem que ser administrado por profissionais de carreira e com boa formação.

Hoje continua nos mesmos moldes, cria-se CPI mais para fins políticos, ainda comandadas pelos donos do galinheiro como essa presidida pelo Renan Calheiros ‘et caterva’ da saúde.

orelhao

Ainda alguns orelhões implantados naquela época continuam em funcionamento, como os da Escola Imaculada Conceição, Abigail Borralho e no Hospital do Coração na rua João Rosa Góes, por sinal bem cuidados. Parece que o vandalismo da degola dos cabos deles acabaram e a população está mais consciente. (Dourados-MS, 18 de junho de 2021)

* É advogado

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