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Engenheiro desenvolve mão biônica impressa em 3D

Em maio foi iniciada em Campo Grande a primeira fase de testes e no segundo semestre vai ocorrer a fase prática, com a operação da prótese por meio de testes mecânicos.

25 julho 2022 - 15h44Por g1/ms

O engenheiro mecânico campo-grandense Thiago Lopes Quevedo desenvolve um projeto de pesquisa para a criação de uma prótese de mão biônica de baixo custo.

Produzida com fibra de carbono em uma impressora 3D, a prótese deve custar menos de 1% do valor de um dispositivo similar, que é importado e chega ao Brasil por até US$ 100 mil (R$ 539 mil na cotação desta segunda-feira – 25, R$ 5,39).

“Além dos valores elevados, ainda temos um longo período, em que os pacientes precisam estar em centros especializados, realizando treinamentos e adaptações nas próteses de alta tecnologia. Outro dado importante é uma estimativa de que 70% dos pacientes que possuem próteses de alta tecnologia acabam deixando os dispositivos de lado, porque a adaptação não é fácil”, destaca.

Thiago conta que iniciou o desenvolvimento de soluções e produtos relacionados à modelagem, simulações a manufatura, quando cursou Engenharia Mecânica na faculdade Anhanguera, em Campo Grande.

Já no doutorado, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), criou o projeto de desenvolvimento das mãos biônicas modeladas em 3D.

Ele explica que atender as pessoas de baixa renda é um dos principais motivos para a idealização do projeto.

“Eu acredito que quando possuímos ao menos o mínimo de conhecimento, especialmente quando utilizamos recursos públicos, a retribuição para a sociedade deve ser algo natural. Assim, desenvolver uma prótese biônica economicamente acessível e possibilitar a melhoria da qualidade de vida do próximo tornou-se um combustível para desenvolver o projeto”, relata.

Etapas

Produzida com fibra de carbono em uma impressora 3D, a prótese deve custar menos de 1% do valor de um dispositivo similar  Foto: Thiago Lopes Quevedo/Arquivo Pessoal

Produzida com fibra de carbono em uma impressora 3D, a prótese deve custar menos de 1% do valor de um dispositivo similar — Foto: Thiago Lopes Quevedo/Arquivo Pessoal

Em maio deste ano o engenheiro iniciou à primeira fase de testes. O voluntário é o auxiliar administrativo Leonardo Borges Ladislau, de 27 anos. Ele mora em Campo Grande e perdeu parte do braço e da mão esquerda em um acidente há sete anos.

Inicialmente o engenheiro fez a medição do chamado “sinal mioelétrico”, na parte do braço em que ocorreu a amputação. Com sensores, capturou a tensão gerada pela contração muscular. O sinal foi direcionado a um microcontrolador que, por meio de um algoritmo desenvolvido especialmente para o projeto, que executa os comandos da prótese de mão.

Neste segundo semestre, o pesquisador revela que será realizada a fase prática, com a operação da prótese por meio de testes mecânicos.

Graças ao projeto, Leonardo já sonha com uma melhor qualidade de vida. “Esse processo reacendeu meu desejo de ter uma prótese e a primeira fase foi muito positiva, já que atingimos o objetivo de testar a minha sensibilidade. Eu não tinha condições financeiras e esperança, mas agora estou muito confiante e aguardando, feliz, a próxima etapa”, destaca.

O projeto recebe suporte financeiro do programa Centelha, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação e da Finep em parceria com o CNPq, governo de Mato Grosso do Sul e Fundect.