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Brasil

Filho morto pelo pai foi proibido de ocupar escola, diz família à polícia

16 novembro 2016 - 16h20

O engenheiro civil Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, que matou o filho, o estudante de matemática Guilherme Silva Neto, de 20, e se matou em seguida, em Goiânia, discutiu com o rapaz momentos antes do crime por conta da ligação do jovem com ocupações em unidades de ensino. “Parentes disseram que os dois tinham conflitos recorrentes, mas o que culminou na tragédia foi uma briga pelo fato do pai tentar impedir que o filho participasse da ocupação de uma escola”, relatou ao G1 o delegado Hellynton Carvalho, que esteve no local do crime.

Ainda segundo o delegado, o engenheiro tinha problemas psicológicos. “Os familiares disseram que o pai sofria de depressão, mas ele e o filho sempre discutiam por conta do estilo de vida do rapaz, que participava de movimentos sociais e movimentos estudantis, e o homem não aceitava”, destacou.

O jovem estudava matemática na Universidade Federal de Goiás (UFG). Na manhã desta quarta-feira (16), estudantes que ocupam o campus Samambaia fazem um protesto e aproveitaram para homenagear o estudante. Em uma das paredes do campus foi pichada a frase: “Guilherme eterno. Lutar sempre, desistir jamais!”.

Morte

O estudante foi morto na tarde de terça-feira (15), na esquina da Rua 25-A com a Avenida República do Líbano, no Setor Aeroporto, em Goiânia. A mãe do jovem, a delegada aposentada Rosália de Moura Rosa Silva, disse à polícia que, na manhã do crime, pai e filho tiveram uma discussão motivada pela reintegração de posse em uma unidade ocupada por estudantes.

O jovem queria ir, mas o pai não permitiu. O engenheiro, no entanto, saiu de casa, e Guilherme também, logo em seguida. Quando o idoso retornou e não viu o filho, foi à sua procura.

"O pai surpreendeu o filho próximo à Praça do Avião. Segundo testemunhas, nesse momento, ele teria efetuado quatro disparos. Mesmo ferido, o jovem chegou a correr, mas o pai entrou no carro e o perseguiu até alcançá-lo. Foi quando ele atirou outras vezes", contou o delegado.

Após matar Guilherme, Alexandre se debruçou sobre ele e atirou contra si. O engenheiro foi socorrido e levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas também morreu.

Um homem, que não quis se identificar, chegou ao local no momento do crime. "De início, escutei três disparos. Eu escutei uma gritaria, aí a hora que eu cheguei perto do portão vi o senhor recarregando a arma", contou.

O corpo de Guilherme é velado desde o início da manhã desta quarta-feira no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia. O enterro está previsto para o final desta tarde.

Já o corpo do pai seguia no Instituto Médico Legal (IML) da capital por volta de 11h45.

Comportamento alternativo

Conforme consta no registro de ocorrência, Alexandre não concordava com o comportamento e o modo de ser do filho, considerado "alternativo e revolucionário". Guilherme era ligado a movimentos sociais, incluindo as ocupações de escolas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para o aumento dos gastos públicos.

Em uma conta nas redes sociais, Guilherme demonstrava interesse em assuntos ligados à questões sociais e política. Além disso, ele também participava de comunidades sobre assuntos polêmicos, como o fim da cultura do estupro, legalização do aborto e se posicionava contra a gestão de Organizações Sociais (OSs) na Educação.