Foi identificado como Vito Fernandes, de 42 anos, o indígena que morreu durante confronto entre povos originários da etnia Guarani Kaiowá e policiais militares, em Amambai (MS), nesta sexta-feira (24). A informação da morte foi confirmada pelo Hospital Regional de Amambai, que recebeu a vítima.
Segundo informações do hospital, o homem não resistiu aos ferimentos e chegou ao hospital sem vida, com três perfurações de armas de fogo pelo corpo. Ainda, a comunidade local afirma que dois indígenas foram mortos, mas não há confirmação da polícia até o momento.
Um boletim de ocorrência de homicídio decorrente da intervenção policial foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Amambai e tem o nome de Vito Fernandes como vítima fatal.
Ao todo sete indígenas foram levados feridos para o hospital, sendo dois menores de idade. Três policiais do Batalhão de Choque foram atingidos com disparos na perna e nos pés e foram levados para atendimento médico em Ponta Porã (MS), conforme a secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Conflito entre indígenas e policiais em Amambai
Para os indígenas, o local onde acontece o conflito faz parte do território de Guapoy, uma terra que pertencia aos ancestrais dos povos originários. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) explica que "Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado – quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai".
Com a retomada (termo utilizado pelos indígenas), entre quinta (23) e sexta, os policiais foram acionados e alegaram terem ido à propriedade para "coibir o crime contra o patrimônio".
Local do conflito
O conflito ocorreu em um território ancestral para os indígenas, denominado de Guapoy, localizado em Amambai, no sul de Mato Grosso do Sul.
Conflitos e tensão
De acordo com a polícia, a propriedade rural foi ocupada pelos indígenas Guarani Kaiowá ainda na quinta-feira (23). Já nesta sexta-feira (24), equipes do Batalhão de Choque foram enviadas à cidade. Durante o dia foram registradas dois conflitos, um no início do dia e outro à tarde.
Uma testemunha do conflito, ouvida pelo g1, relata momentos de tensão, mesmo após o conflito inicial. Segundo a pessoa, policiais do Batalhão de Choque estão em formação em frente à fazenda e disse que vários drones sobrevoam o local.
A fazenda onde o conflito ocorre pertence ao grupo VT Brasil. O g1 tentou contato com os proprietários da propriedade rural, mas não obteve retorno.