A mortalidade de jovens por causas externas - como acidentes de trânsito e violência - é o principal fator que afasta a esperança de vida no Brasil da registrada em países desenvolvidos.
A avaliação é do pesquisador Márcio Minamiguchi, integrante da equipe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que divulgou hoje (1º) a Tábua Completa para a Mortalidade do Brasil em 2015.
A pesquisa mostra que a expectativa de vida de um brasileiro nascido em 2015 é de 75 anos, cinco meses e 26 dias, o que representa um ganho de cerca de três meses em relação a 2014 e de 30 anos na comparação com 1940.
Os dados apontam, no entanto, que as chances de um homem morrer entre 20 a 24 anos se tornaram 4,5 vezes maiores que as de uma mulher na mesma idade. Em 1940, a diferença era de apenas 1,2 vez e, segundo o IBGE, o fenômeno é comum em países que passaram por um rápido processo de urbanização e formação de metrópoles, como o Brasil.
"A maior parte das mortes por violência e em acidentes de trânsito está concentrada entre os homens", disse o pesquisador. Minamiguchi também afirmou que esses fatores agravam uma diferença que já era constatada por outros motivos. "Há desde fatores biológicos e comportamentais até sociais [para a sobremortalidade masculina]. Os homens têm tendência maior ao alcoolismo, tabagismo e consumo maior de calorias e são mais sujeitos a dirigir em alta velocidade".
A distância entre o Brasil e países desenvolvidos na expectativa de vida não se explica apenas por esses fatos. Dados como a mortalidade infantil e o acesso à saúde pela população idosa mostram que a diferença se estende ao longo de todas as faixas etárias. "É um processo geral para que a gente tenda a convergir com países desenvolvidos. Mas a diferença já diminuiu bastante".
Três anos a cada década
O ritmo de crescimento da esperança de vida ao nascer no Brasil continua mais rápido que o da média de países desenvolvidos. O país ganha aproximadamente três anos a cada década, e as nações mais ricas têm acréscimos de dois a dois e meio.
Durante o século XX, no entanto, já houve décadas com cinco anos de aumento na expectativa de vida ao nascer no Brasil, velocidade que podia ser obtida com investimentos menores.
"O padrão de mortalidade no Brasil mudou bastante. Naquele período, a mortalidade infantil ainda era muito grande e medidas simples facilmente a diminuíam, como mais escolaridade para as mães, medidas básicas de saúde e saneamento e vacinação", disse o pesquisador. "Medidas que aumentem a expectativa de vida hoje acabam se tornando mais caras".