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Cultura

Estudo diz que Dourados não é terra de Antônio João e nem aniversário é 20 de Dezembro

03 novembro 2016 - 19h24

Um estudo realizado sobre a história da cidade, apresentado semana passada ao prefeito Murilo Zauith (PSB), questiona a inscrição que consta no brasão do Município, ao afirmar que Dourados é “terra de Antônio João” e também discorda da data do aniversário da cidade, comemorado anualmente no dia 20 de Dezembro. Segundo o presidente da Comissão de Revisão Histórica de Dourados, professor Carlos Magno Mieres Amarilha e o jornalista Nicanor Coelho, também integrante da Comissão, essas duas ‘distorções’ precisam ser revistas.

“Dourados precisa ter um rosto, uma feição, uma fisionomia, uma identificação, uma representação coletiva de pertencimento tanto em bens materiais como em bens imateriais”, apontam os pesquisadores.

Conforme os estudos, a data de 20 de dezembro começa a ser efetivada no ano de 1953. Foi aprovada na Câmara como projeto de lei apresentado pelo vereador Aguiar Ferreira de Sousa, em 23 de outubro de 1953 e, sancionada pelo prefeito Nélson de Araújo, por meio da Lei 60, de 25 de novembro de 1953. Em 1954 foi transformada em feriado. Isso significa que o primeiro aniversário de Dourados só foi comemorado após 19 anos da criação do Município.

O estudo aponta ainda que a definição da data de 20 de dezembro “foi uma decisão política e não uma reivindicação da sociedade organizada” porque, segundo destacou Carlos Amarilha, “havia necessidade de ter uma data para comemorar e essa foi a escolhida”. Entretanto, o relatório entregue ao prefeito, a partir da análise de documentos oficiais, coloca como verdadeiro aniversário o dia 15 de junho, data em que foi instalado o Distrito de Paz de Dourados, no ano de 1914.

Outro ponto sugerido para debate pela Comissão de Revisão Histórica diz respeito à inscrição “Terra de Antônio João”, no brasão oficial do município. Com base em documentos e informações coletadas, o herói de guerra, tenente Antônio João Ribeiro, não foi morto em Dourados e sim na Colônia Militar dos Dourados, em 29 de dezembro de 1864, nas proximidades do atual município de Antônio João, onde inclusive existe um Memorial que é visitado periodicamente por estudantes e curiosos de várias regiões do País.

Nesta época, relata Carlos Amarilha nos estudos, Dourados nem existia e, neste sentido “trocam-se fatos, transferem-se os eventos, como verdades absolutas e absurdas, com ‘empréstimos de histórias’ de outros lugares, trocando acontecimentos ‘famosos’ (como o caso de Antônio João, na Guerra do Paraguai) até de lugar”, cita o estudo da Comissão.

O prefeito Murilo recebeu o material e comentou que se trata de um assunto que realmente precisa ser colocado em debate, para que a sociedade possa entender todos os pontos elencados e finalmente decidir sobre as mudanças propostas.
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