Uma celebração especial chamou a atenção de toda a equipe da UTI pediátrica do HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) na tarde de ontem (18) em Dourados.
Uma ‘rezadeira’ da aldeia Bororó realizou um ritual de reza e purificação a um bebê de cinco meses internado no setor. A criança, com sintomas de vômito e diarreia, foi diagnosticada com desidratação de grau 2 (moderada a severa) e internada no mesmo dia. A presença da rezadeira foi uma exigência da mãe, índia da etnia caiuá, para que a criança permanecesse no hospital.
A permissão para realização de rituais de reza nos hospitais de Mato Grosso do Sul foi recentemente garantida através de lei estadual. No entanto, mais do que um direito adquirido, este tipo de celebração atende também à política de atendimento humanizado, preconizada pelo Ministério da Saúde. Há pelo menos seis anos um intérprete garante este diferencial no atendimento à população indígena hospitalizada no HU, além de garantir a preservação dos aspectos culturais da etnia.
De acordo com o intérprete Sílvio Ortiz, esta não é a primeira vez que este tipo de ritual é realizado dentro do HU. “A mãe não queria que a criança ficasse internada, então a presença de uma rezadeira da confiança dela foi uma exigência para que permitisse o tratamento”, explica. Segundo ele, dentro da cultura indígena, o ritual de reza é considerado a base para que o tratamento médico tenha sucesso.
Durante a cerimônia, realizada em poucos minutos, a rezadeira apresentou uma série de rituais de orações e música, todos na língua guarani, como forma de purificação do corpo da criança. Segundo Silvio Ortiz, o procedimento traz segurança para a família e é fundamental em respeito à cultura indígena.
O bebê vai permanecer internado na UTI pediátrica, ainda sem previsão de alta médica, conforme informa a assessoria da UFGD.