Enquanto o inverno se aproximava no País, muitos turistas brasileiros planejavam aproveitar os dias de sol e temperaturas amenas levados pelas estações quentes ao Hemisfério Norte entre os meses de junho e agosto. No entanto, mesmo quem não precisou adiar a viagem à Europa ou aos Estados Unidos para as férias seguintes teve de se reorganizar diante da alta do dólar, que oscila na faixa dos R$ 2 desde maio e encarece tanto despesas básicas, como transporte e acomodação, quanto as compras, um dos principais motes dos passeios de brasileiros no exterior. O mesmo se aplica ao euro, que vem refletindo os efeitos da crise financeira na Europa em um desconfortável sobe e desce.
Infelizmente, pouco pode ser feito se a surpresa do câmbio chega no momento em que o turista já se encontra no destino de viagem ou está prestes a embarcar sem ter garantido com antecedência a poupança necessária em espécie ou em cartão pré-pago: a viagem deve encarecer proporcionalmente à valorização da moeda. "Como ela precisa comprar a moeda para pagar as despesas na moeda de origem, se o aumento é de 20%, o custo da viagem como um todo aumenta 20%", explica o especialista em finanças e economia André Massaro. Embora a diferença no câmbio fique invisível em transações via cartão de crédito, as mais comuns no exterior, o turista ainda deve arcar com o percentual de 6,38% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A principal recomendação dos especialistas continua sendo a aquisição da moeda pelo turista tão logo a viagem seja confirmada ‒ não necessariamente em dinheiro físico, mas armazenando crédito em cartões pré-pagos, modalidade mais cômoda e segura. Aguardar cotações mais baixas para garantir a tranquilidade no bolso pode ser arriscado pois é difícil definir qual é o preço mais vantajoso: se o dólar subir para R$ 2,15 daqui a poucas semanas, R$ 2,02 irá se configurar como um valor atraente, ainda que muito superior aos R$ 1,80 que já fizeram a alegria dos turistas há alguns anos. "A especulação com moeda é tão ou mais difícil do que a especulação com ações, principalmente para quem não é experiente no mercado", ressalta Massaro. "Pode ser até que a pessoa tenha sorte, mas a consequência de errar é pior do que a alegria de acertar", afirma.
Para a gerente de marketing da agência de viagens Marsans Brasil, Mariana Ferrari, o aspecto do planejamento que mais sofre com a alta da moeda estrangeira é a própria escolha do destino. "Países da América do Sul ficam em maior evidência nestes períodos, assim como viagens dentro do Brasil", conta Mariana. A boa notícia é que as operadoras de viagem permanecem atentas à oscilação e geralmente oferecem promoções para equilibrar o movimento. "Se houver uma grande queda na demanda desses destinos, é possível que os hotéis e companhias aéreas lancem promoções para atrair esses turistas novamente", diz a executiva. Mariana acrescenta que conhecer o destino antes de viajar - por pesquisa ou optando por locais já visitados - é a principal dica para conseguir uma boa relação custo-benefício mesmo em períodos de valorização cambial. Segundo informações do Terra.