“Tá, tá, tá. Tá, tá, tá, tá, tá”. A seqüência rítmica, às vezes marcada por palmas e outras por passos, é uma das que entraram para a rotina da Escola Técnica Estadual (Etec) Amim Jundi, de Osvaldo Cruz, no interior de São Paulo, a primeira com Dança Esportiva no Estado. O curso, assim como o de Celulose e Papel, em Campinas, e Bar e Restaurante, em São Roque, foi criado este ano no estado de São Paulo para atender a novas demandas do mercado. Em Paranaguá, no Paraná, a novidade é o técnico em Portos.
As novas opções focam em mercados cada vez mais específicos para os quais falta qualificação e sobram pedidos de profissionais. O coordenador de Celulose e Papel na Etec Antonio Prado, Luiz Gustavo Gonçalves, conta que a criação da formação foi um pedido das indústrias. “Eles solicitaram formalmente, depois fizeram uma comissão e nos ajudaram a definir conteúdos”, diz.
A primeira turma já dá sinais da demanda. Entre os alunos há pessoas que já têm formação superior e trabalham na área. “Vim buscar a teoria, mas já vejo idéias para a prática também”, diz a engenheira química, Natália Farina de Souza, que trabalha no setor há três anos e contou com o apoio dos superiores para iniciar o curso.
O técnico de Dança Esportiva também atende uma reivindicação dos prováveis empregadores. De acordo com o diretor da unidade de Osvaldo Cruz, Sérgio Finoti, empresas de dança e academias reclamavam da falta de conhecedores da área. “Fizemos um projeto em parceria com a Etec especializada em artes de São Paulo, mas com foco em esporte e competição”, diz.
Antes do início das aulas, em fevereiro, a unidade ganhou uma sala espelhada e contratou professores que trabalham em pares para mostrar os passos em dupla. Os alunos também têm conteúdos como percepção do corpo e história da dança. “Mas o curso é bem prático, por semana são 10 aulas de dança. Como a minha sala é bem do lado, eu que nunca tinha tido contato com o tema já aprendi alguns ritmos como o tá, tá, tá. Tá, tá, tá, tá, ta”, diz Finoti.
Drinques artísticos
Na estância enogastronômica de São Roque, o curso de turismo da Etec ainda está em fase de adaptação, com apenas dois anos de existência, e agora foi criado o de Bar e Restaurantes. O material prático inclui coqueteleiras, garrafas e ingredientes para drinques, inclusive com performances artísticas. Também faz parte do curso história da culinária e disciplinas de línguas inglesa e espanhola voltadas para o atendimento ao público.
A coordenadora do eixo hospitalidade e lazer, Daniela Nardelli, diz que os alunos da primeira turma têm entre 15 e 40 anos. “Há desde o adolescente que está no ensino médio e já procura uma especialização para entrar no mercado até adultos que enxergam a área como facilitador de emprego”, diz.
Portos e aduaneiros
Um dos gargalos de infraestrutura que ameaçam atrapalhar o crescimento do Brasil nos próximos anos também ganhou um reforço no Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, de Paranaguá. O setor é responsável por 70% da economia local e faltava um curso específico.
A coordenadora de cursos técnicos da Secretaria de Educação do Estado, Laurita Menjon, conta que as aulas são obrigatoriamente complementadas por estágios no porto. “É um curso que aborda todas as possibilidades de atuação portuária”, afirma. As disciplinas incluem geografia portuária, regulamentação aduaneira e logística de carga.
Segundo Laurita, com a modernização portuária os empregos de estivadores, que fazem o carregamento, estão cada vez mais raros, mas há funções que demandam profissionais preparados como manutenção de máquinas, equipamentos de comunicação náutica, coordenação logística. “É comum a gente ver notícia de atraso no desembaraço da mercadoria no porto, gerando problemas para os empresários, logo a criação deste curso visa tanto a aumentar a empregabilidade dos jovens quanto a agilidade para a sociedade”.