Por mais que o eleitor possa parecer alheio às movimentações dos políticos em campanha, e aparentemente demonstrar desinteresse pelo processo de escolha, é possível concluir que ele tem sido criterioso na hora do voto. Os números que saíram das urnas deste domingo (7) sinalizam os reflexos desse comportamento, sintonizado com os apelos para o voto ficha limpa apregoado nas campanhas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), penalizando alguns que inclusive já ocupavam mandato público.
É o caso, por exemplo, de Walter Hora, do PPS, líder do prefeito Murilo Zauith na Câmara e que, depois de ter sido suplente e se beneficiar da cassação/renúncia de nove dos 12 eleitos de 2008 para chegar à Câmara, agora está fora, mesmo tendo recebido 1.925 votos, pouco menos que o dobro do último eleito para a legislatura que começa em 2013, o vereador Nelson Sudário (1.068).
Pesquisa "inventada" por Cemar com números atribuídos ao 'Ibope'
Além de Hora, as urnas “crucificaram” Cemar Arnal, presidente municipal do PDT e vereador também beneficiado da varredura provocada pela operação “Uragano” (furacão, em italiano), que chegou a “inventar” uma pesquisa atribuída ao Ibope onde aparecia em sexto lugar dentre os eleitos [os cinco primeiros da lista dele, realmente, foram eleitos], Albino Mendes, do PR [talvez pelo excesso de concentração em um único reduto eleitoral] e Gino Ferreira, do DEM, vitimado pelo que classificou de uma “montagem rasteira” de um cheque onde supostamente teria pago R$ 50 mil para o ex-secretário Eleandro Passaia, delator do esquema que tirou um numeroso grupo da vida política municipal, para escapar do rol dos culpados.
As urnas também foram severas com o rebelde Adailton de Souza, o “Adailton do sapato”, que achou que o fato de ter arremessado um pé do sapato contra o ex-vereador cassado Aurélio Bonatto poderia lhe render votos. Ele ainda mandou imprimir no santinho a frase ‘toda cidade precisa de um heroi’, e conseguiu granjear 202 votos. Outro, Joedi Guimarães, chegou a prometer que abriria mão do salário de vereador se eleito, e chegou a 942 votos.
“Uraganos”
De toda a panfletagem apócrifa distribuída nos últimos dias da campanha, pelo menos duas “não pegaram”: uma delas, associando o vereador eleito Maurício Lemes ao pai, Archimedes Ferrinho [de atuação polêmica enquanto esteve na vida pública] e outra, denominando de ‘fantasma’ o vereador reeleito Juarez Amigo do Esporte [por um período nomeado no gabinete do ex-prefeito Ari Artuzi em 2009].
Jorge Dauzacker também acabou entre as vítimas do 'efeito Artuzi'
Outros materiais clandestinamente impressos, citando as estreitas ligações de Jorge Dauzacker com Artuzi, o próprio Gino ao cheque dado a Passaia e a “invencionice” de Cemar sobre a pesquisa atribuída ao Ibope, foram fatais para os projetos eleitorais dos três políticos.
Um panfleto que “pegou pesado”, como se costuma dizer, associava Artuzi com o ex-secretário professor Edmilson; Bonatto com Ramin; Sidlei com Madson; Humberto Teixeira Júnior com Ailton Stropa; Edvaldo Moreira com Idenor Machado; e Bambu com pastor Cirilo e Cemar [nesse caso pelo episódio do dinheiro escondido sob as almofadas], acabou não provocando grandes estragos. Madson, Idenor e Cirilo foram eleitos, Ramin e Stropa passaram da casa dos 1.100 votos e Edmilson superou os 800.