“Notícia de última hora: até o final do ano estarei repassando, para a administração do Município, o Distrito Industrial de Dourados. Desburocratizado, plotado e demarcado para que aqui venham se instalar os novos empreendedores da região”. O anúncio, feito pelo governador André Puccinelli (PMDB), ontem (22) à noite, na abertura do 6º. Canasul, foi recebido com entusiasmo pelo prefeito Murilo Zauith (PSB) que há pelo menos 15 anos defende essa tese.
O DID (Distrito Industrial de Dourados) foi criado no prolongamento da rua Coronel Ponciano, no sentido a Naviraí, ainda na década de 80. De lá prá cá, apesar de atrair algumas empresas de médio e grande porte, sempre enfrentou entraves burocráticos, primeiro pelo fato de estar diretamente ligado ao Governo estadual e depois, em função de obstáculos surgidos com a ocupação, por sem-terra, de quase um terço da área útil, o que gerou várias demandas judiciais.
A municipalização vinha sendo defendida pelo atual prefeito, agora reeleito, desde quando ingressou na vida pública, em 1994. Murilo insiste em que é preciso “aproximar as soluções”, desincumbir o Estado de alguns encargos como nesse caso, de ter que concentrar em Campo Grande o debate e o desentrave para instalação de indústrias fora do eixo central.
“Com esse anúncio [do governador André], reforçamos a parceria de Dourados com o Governo. Assumindo o Distrito Industrial, vamos poder tratar da expansão dessa atividade econômica por aqui mesmo, fortalecendo a nossa Secretaria de Indústria e Comércio, estimulando a vinda de novos empreendimentos e, principalmente, agilizando esse processo”. Atualmente, de acordo com o prefeito, a burocracia chega a demandar até três anos para a tramitação de pedidos para instalação de empresas no DID.
Assim como já trabalha para municipalizar outros setores, como a liberação de licenças ambientais para instalação de empresas do setor de distribuição de combustíveis, a Prefeitura de Dourados se estrutura dentro de uma visão macroeconômica que vai permitir a regionalização do desenvolvimento. “Os poderes públicos devem ter esse tipo de compreensão, e saber trabalhar em parcerias, mas com autonomia para crescer; assim nos ajudamos mutuamente”, defendeu o prefeito, citando as relações estabelecidas com André desde quando, juntos, governaram Mato Grosso do Sul no período de 2007/10.
Sede oficial do Canasul
No discurso de abertura do Canasul e da 2ª. Agrometal [a feira de produtos do setor metalmecânico], o prefeito disse que Dourados se orgulha de recepcionar, pelo segundo ano consecutivo, esses eventos e que já encomendou aos deputados Zé Teixeira (DEM) e Laerte Tetila (PT) a apresentação de projeto de lei na Assembleia Legislativa, tornando o Município sede oficial do Canasul. Esse anúncio foi aplaudido por Puccinelli.
Murilo agradeceu a presença da comitiva do Paraguai, chefiada pelo empresário César Rodrigues, a quem saudou como “irmão do país vizinho”, enfatizando que a contribuição dos paraguaios é destacada, proporcionalmente ao papel que investidores brasileiros desempenham naquele território. No discurso, o prefeito reiterou o desejo de transformar a cidade em um centro especializado de prestação de serviço para as usinas de álcool, açúcar e energia instaladas na região.
Pelo menos 20 empresas estão se instalando ou ampliando a estrutura já existente para prestar serviço às indústrias sucroenergéticas. A Prefeitura e o Governo do Estado concedem incentivos a essas empresas. “É nossa obrigação apoiar esse segmento, consolidar o polo regional de fornecimento de serviços e mão de obra especializada e declarar a independência energética”, enfatizou o prefeito. Grande parte das indústrias instaladas na região produzem, além do açúcar e etanol, a energia elétrica que ajuda a abastecer o Estado.
O desafio, a partir dessa nova realidade, é qualificar trabalhadores e dominar tecnologias fundamentais no mercado sucroenergético. “Dourados está preparando os jovens para ter um futuro nesse mercado promissor e incentiva as empresas de metalmecânico a se consolidarem”, declarou.
André e convidados
O governador André Puccinelli fez um histórico das transformações ocorridas no setor econômico. “Há 50 anos o Estado só produzia carne bovina, depois veio o porco, a carne de frango, e por fim tivemos quatro décadas de soja”, citou. Recentemente, com incentivo estadual, a economia de MS passou a contar com as usinas. “Antes eram 11, agora são 24 em operação, produzindo etanol, açúcar e energia. E o Canasul é a oportunidade de debater os avanços para esse setor, principalmente para as empresas de metalomecânico, oferecendo o ‘know how’ necessário ao prestadores de serviços e fornecedores dessa área”, afirmou.
Entre as autoridades presentes na abertura do Canasul e da Agrometal estavam os deputados federais Geraldo Resende e Reinaldo Azambuja, o presidente da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de MS), Roberto Hollanda Filho, o coordenador de açúcar e álcool do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Cid Caldas e o secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho (SP) Marcelo Pelegrini, além de lideranças locais das três Universidades (UFGD, UEMS e Unigran), a secretária estadual de Produção, Tereza Cristina, o presidente da Câmara de Dourados, Idenor Machado e representantes do setor produtivo, além dos novos prefeitos eleitos por Naviraí, Leonardo Matos e Fátima do Sul, Júnior Vasconcelos.