Depois de desistir do passeio de barco por uma hora pelo Rio Paraguai, na tarde desta sexta-feira, a convite da organização do Festival América do Sul Pantanal (Fasp), alegando cansaço da viagem, o cantor baiano Carlinhos Brown cativou os corumbaenses pela sua simpatia e carisma. E confessou-se feliz por estar na Capital do Pantanal e poder compartilhar com artistas representando sete países do continente um evento que o surpreendeu por ser realizado no interior do Brasil e buscar a preservação cultura entre os povos.
“Estou aqui nestas águas que nos inspiram e sinto-me honrado pelo convite”, disse o cantor ao secretário estadual de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei), Renato Roscoe, com quem se encontrou durante entrevista à imprensa no Centro de Convenções do Pantanal, no porto geral de Corumbá. “Estou aqui para celebrar esta latinidade, uma iniciativa que muito nos alegra, pois o Brasil sempre desprezou seus países irmãos e deixou de fazer esse contato que vejo aqui em Corumbá”, disse.
Cururueiro
Principal atração desta edição do Fasp, Carlinhos Brown sobe ao palco na noite de hoje, na Praça Generoso Ponce, para apresentar o novo show de sua turnê – Antônio Carlos Brown, um popular brasileiro. Antes de falar aos jornalistas, nesta sexta, ele foi até a barranca do Rio Paraguai, ao lado do secretário, onde posou para fotos com fãs, para ter, como disse, uma dimensão do que era aquele planeta água (Pantanal) que observou do alto, de avião.
No caminho para o auditório do Centro de Convenções, conheceu a figura folclórica do cururueiro pantaneiro, o mestre Sebastião Souza Brandão, 73 anos, fazedor de viola-de cocho, cantador e agora roteirista de documentários. Seu Sebastião cantou para o visitante uma das conhecidas cantigas da brincadeira pantaneira e ainda presenteou-o com uma miniatura da viola-de-cocho que acabara de confeccionar. “É muita honra para mim”, disse Brown.
O cururureiro, emocionado, brincou: “me belisquem, me digam que não é um sonho esse momento. E, nervoso, se atrapalhou nas palavras: “esse cara é meu fã”. Durante a entrevista, o cantor baiano e o cururueiro trocaram elogios. Brown falou da importância da troca e da união dos povos por meio da cultura e da importância da valorização das culturas populares, citando o ritmo pantaneiro, cujo instrumento artesanal foi declarado bem imaterial nacional.
Passaporte
Ao falar sobre o show deste sábado, Carlinhos Brown falou com entusiasmo: ele prometeu surpresas, com pitadas latinas durante sua performance, e adiantou que deverá cantar a ópera O Guarani, de Carlos Gomes. “Este aqui é o nosso passaporte”, disse, mostrando o livreto que contém a programação do festival. “A vinda aqui já valeu, ver o Pantanal, cantar nesse festival, que me faz ter uma comunicação real com a América Latina”, completou.
Na entrevista, Carlinhos Brown dividiu a mesa com outros artistas, dentre os quais o cururueiro Sebastião Souza Brandão, que voltou a cantar para o fã no improviso; o violonista Marcelo Loureiro, que se apresentou na noite de sexta-feira; Ivan Nogale, diretor do Teatro Trono, de La Paz, capital da Bolívia; e o poeta Douglas Diegues.