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Ministério do Esporte premia atleta dopado

16 março 2011 - 11h09Por Redação Douranews, com Folha
O primeiro nome da lista de contemplados do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte é do catarinense José Alessandro Bernardo Bagio, 29, da marcha atlética.

Ele foi suspenso das competições em dezembro de 2010 por ter sido flagrado em exame antidoping no qual acusou a presença do esteroide 19-Norandrosterona.

Com duas olimpíadas no currículo, Bagio se enquadra na categoria "olímpico" do programa do ministério. Receberá R$ 2,5 mil mensais dos cofres públicos, tal qual os demais 182 competidores incluídos nesta classe.

O marchador mora em Timbó, na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde cursa educação física e treina eventualmente para manter-se em forma.

Até antes de ser flagrado, mantinha-se com R$ 1.400 mensais, de uma malharia e uma metalúrgica, que o patrocinavam. Ele havia pleiteado a bolsa-atleta no ano passado, mas a perdera por falta de documentação.

Seu julgamento será até o final de março em Manaus, sede da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Ao seu treinador, Carlos Morastoni, Bagio disse ter ingerido a substância em maio. Os exames foram feitos em setembro, após denúncia anônima. Portanto antes de ele submeter ao ministério o pedido para receber a bolsa.

O programa apresenta uma incongruência grave.

Para receber a ajuda do governo, o atleta deveria ter enviado para Brasília, ainda no primeiro semestre de 2010, os resultados da temporada 2009. Ou seja, há uma diferença de dois anos entre o desempenho nas competições e os vencimentos a receber.

Bagio não respondeu aos recados deixados pela reportagem no celular e em sua casa. "Acho justo que ele perca a bolsa", admitiu Morastoni.

Ricardo Leyser, secretário nacional de esporte de alto rendimento, departamento do ministério responsável pelo programa Bolsa Atleta, disse que o nome do marchador catarinense será cortado da segunda lista de contemplados, que ainda não tem previsão para ser divulgada.

Ele diz que a responsabilidade por informar quem são os atletas impossibilitados de receber a bolsa é das confederações desportivas.

"Não podemos impedir um atleta de receber a bolsa baseados em notícias de jornal", justificou o secretário. "Confiamos nas informações repassadas pelas confederações esportivas", afirmou.

A CBAt, por sua vez, declarou que não poderia antecipar as decisões do ministério. "Só sei quem são os atletas contemplados pela bolsa quando a lista é publicada", defendeu-se Martinho Nobre dos Santos, superintendente técnico da confederação.

Ele lamenta que os nomes não sejam enviados às confederações, o que poderia evitar casos como o de Bagio. "Nós [confederação] temos que ir ao Diário Oficial para saber quem são os competidores da nossa modalidade no programa", alfinetou.

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