Momentos antes de iniciar os trabalhos de reconhecimento do gramado do estádio Frédis Saldivar, o “Douradão” visando o jogo contra o já desclassificado União/Inter Flórida pela penúltima rodada da fase de classificação às finais da série “B” do Campeonato Estadual do futebol profissional sul-mato-grossense, o técnico do Novoperário, Paulo Rezende, foi taxativo ao dizer que a proposta dele e da sua comissão técnica, jogadores e principalmente da diretoria da mais nova equipe da capital, é de conquistar dois títulos em um ano.
Para o técnico, ao ser convidado para participar do projeto de resgatar o futebol profissional em Campo Grande, ele deixou bem claro aos dirigentes do Novoperário que não iria abrir mão da escolinha de futebol que mantém em franquia com o Santos Futebol Clube para ser apenas um coadjuvante na competição, cuja equipe campeã e vice teriam automaticamente o acesso a série “A” que vai ter início a partir do dia 19 de janeiro do próximo ano.
“Quando fui convidado a assumir o Novoperário ouvi atentamente a diretoria e depois coloquei o meu projeto. Disse a eles que não iria deixar minhas obrigações com a minha escolinha para somente participar desta competição como mero coadjuvante e fui mais além, dizendo que não queria somente o acesso a série A, mas que queria o titulo e agora estamos perto de realizar este objetivo”, disse o técnico.
“Sabemos que o Pontaporanense e o Corumbaense possuem um grupo forte e que querem também o titulo, mas vamos pra campo em busca de conquistarmos este caneco, pois é a meta de nosso grupo e de nossa diretoria. Com títulos teremos de novo a nossa grande torcida ao nosso lado de novo”, disse o técnico.
Os clássicos
Questionado sobre a falência dos clubes de Mato Grosso do Sul e alguns em nível nacional, o técnico e ex-jogador de futebol não se faz de rogado. “Mataram os grandes clássicos. Afastaram os torcedores dos estádios com o fim das rivalidades, e o resultado está aí. Quando havia o Comerário, o Ubi-Cad [Ubiratan e Clube Atlético Douradense] em Dourados, os grandes jogos contra o Easa de Ladário e o próprio Corumbaense, além de outras equipes como o próprio Aquidauana, o Taveirópolis entre outras agremiações, as torcidas se mobilizavam, era casa cheia. Com o fim dos clássicos, também sepultaram as rivalidades e a conseqüência disso foi o afastamento dos torcedores. É triste hoje sabermos que não há mais um Operário e Ubiratan ou um CAD e um Comercial. É triste sabermos que tanto no Morenão como no Douradão, dois belos estádios, o público não chega a três mil pagantes, e olha que o futebol do interior está muito na frente da capital, vejam pelos investimentos nos clubes de Rio Brilhante, Naviraí, Ivinhema entre outras cidades, mas não adianta, campeonato sem o Operário, o Comercial, o próprio Ubiratan e o CAD, perde a magia. Estes clubes têm de voltar ao futebol profissional. O Novoperário por sua vez veio para tentar resgatar parte desta magia. Outro fator que ajudou a matar o futebol foi o não investimento nas categorias de bases associada à desorganização e o amadorismo dos dirigentes”, desabafa.
Segundo ainda o treinador, em vez de revelar jogadores, as equipes preferiram trazer jogadores “velhos, viciados e malandros”, em final de carreira, e com isso, o torcedor “que não é trouxa”, deixou de ir ao estádio. “Temos bons garotos tanto na capital como no interior, acredito que são mais de mil jovens jogadores do nosso Estado, treinando nas escolinhas e alguns atuando em clubes do Brasil e fora. Se eles servem para os clubes de lá, porque não servem aqui?” questiona Paulo Rezende. (Com reportagem de Waldemar Gonçalves - Russo)