O objetivo de Vanderlei Luxemburgo era provar que existe vida na Gávea sem Ronaldinho e Thiago Neves. E no dia em que o clube recebeu Obama em sua sede, o time respondeu: não, nós podemos. Sem as estrelas, o Flamengo sofreu. A arquibancada vazia já sinalizava que estava em campo um time bem menos atraente. E os rubro-negros saíram de Macaé com um melancólico 0 a 0, resultado que deixa a equipe em terceiro lugar no Grupo A da Taça Rio, um ponto atrás do vice-líder Boavista. Obama teve seu dia de Mick Jagger, celebridade que ganhou fama de pé-frio na última Copa do Mundo.
Na próxima rodada, o time pega o Madureira, também em Macaé. Willians e Renato receberam o terceiro amarelo e estão fora da partida.
Bottinelli e Negueba fracassam no primeiro tempo
Sem seus dois principais jogadores, o Flamengo encontrou dificuldade para chegar ao ataque desde os primeiros minutos. Negueba quase não tocou na bola. Bottinelli apareceu mais, caiu pelos dois lados do campo, mas não conseguiu dar continuidade às jogadas. Seu lance que mais chamou a atenção foi uma falta por trás na lateral, entrada que lhe rendeu um cartão amarelo. O pontapé de Bottinelli não foi a única jogada violenta do primeiro tempo. Logo no início, Wanderley acertou o tornozelo de André Paulino. Merecia ter sido advertido, mas passou impune.
No primeiro tempo, a maior parte das finalizações rubro-negras surgiu de longe, com Renato e Willians. De dentro da área, foram apenas dois lances de perigo. O primeiro com Wanderley, em uma cabeçada perigosa, aos 28, depois de cruzamento de Renato. A segunda grande chance surgiu aos 34. Depois de escanteio cobrado por Negueba, Renato desviou de cabeça e a bola sobrou limpa para Willians. Mas o forte do camisa 8 não é finalização. Muito menos de perna esquerda. Willians não pegou bem na bola e mandou próximo do goleiro Flávio, que não precisou se esticar muito para espalmar.
Para piorar, do outro lado Felipe foi incomodado duas vezes, em chutes de Everton e Zotti. Vanderlei Luxemburgo precisaria agir no vestiário.
Lentidão do time tira Luxemburgo do sério
O treinador rubro-negro optou por sacar Maldonado e Negueba. Colocou Fierro no meio e Diego Maurício avançado. O chileno teve uma boa chance aos cinco, mas mandou por cima do travessão. Diego Maurício procurou se movimentar no ataque e em dez minutos apareceu mais do que Negueba em todo o primeiro tempo.
Antes que o relógio chegasse a 15 minutos, Luxemburgo quis ainda mais presença ofensiva. Bottinelli continuou mal como no primeiro tempo. Saiu para a entrada de Deivid, que não jogava desde a semifinal da Taça Guanabara, contra o Botafogo. Os espaços apareciam. Aos 19, Diego Maurício acertou a trave em chute de fora da área. O gol não saía, e o treinador rubro-negro se desesperava. Na parada técnica, tirou os óculos e gritou com o time até o rosto ficar vermelho. Puxava o escudo em sua camisa e pedia mais alma.
- Entra lá e ganha esse jogo! - berrou no fim do sermão.
Mas a prática não era tão simples, e o time voltou a campo com a mesma apatia. Renato teve uma chance aos 28 e mandou pelo lado de fora da rede. Aos 33, Egídio colocou a bola na cabeça de Deivid. Era só fazer. Mas ele não fez. Cabeceou por cima do travessão. Um erro que vira argumento para os que sonham com a volta de Adriano, vetado por Luxemburgo. Três minutos depois, Diego Maurício acertou o travessão em finalização que o Imperador assinaria embaixo. Mas o Flamengo parou por aí.
E o cenário poderia ter sido ainda pior, não fosse a força de Felipe em jogada aos 44. Léo Itaperuna entrou sozinho na área, mas o goleiro foi mais rápido e conseguiu chutar a bola para lateral.
Nesta noite, Ronaldinho Gaúcho reberá grande parte do elenco rubro-negro para comemorar o aniversário de 31 anos. Para a festa ser mais animada, é recomendável aos convidados não falarem sobre futebol.