Um médico foi afastado de suas atividades em uma unidade de saúde em Salvador após uma paciente atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) alegar que ele teria receitado o uso de "cadeado" como dieta para ela emagrecer. A denúncia aconteceu depois que o médico escreveu em um papel timbrado da Fundação José Silveira a palavra "cadialina", escrevendo abaixo o uso de cadeados na boca, na geladeira, no armário, no freezer, no congelador e no cofre da casa.
A paciente Adriana Santos diz que procurou o atendimento médico em unidade de saúde no bairro onde mora porque estava vomitando muito. "Ele me perguntou se algum médico já tinha me receitado 'cadialina'. Eu respondi 'não, doutor. Onde é que eu compro?'. Aí ele me disse pra eu comprar sete cadeados", contou ao G1 a paciente, que diz estar acima do peso e ter problemas com alimentação por causa da ansiedade.
"Não tive nem palavras. Deixei ele terminar de falar. Ele ainda disse que dia de segunda, quarta e sexta eu tinha que beber água e nos outros dias jejuar", completou. A paciente disse que precisa fazer uma cirurgia para tirar uma pedra na vesícula, mas não fez ainda porque precisa emagrecer antes.
O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) informou por meio de nota que recebeu o caso na quinta-feira (8) e que a situação está sendo apurada por meio de sindicância. O órgão não forneceu o contato do médico alvo da denúncia e ressaltou que ele não iria se pronunciar por meio de nota oficial do Cremeb.
A Fundação José Silveira destaca que o receituário não está assinado pelo médico, nem contém designação da paciente. Ainda assim, a Fundação informou por meio de nota que afastou o profissional de suas atividades até que a apuração dos fatos seja concluída.
O Cremeb diz que o médico será chamado para dar explicações sobre o ocorrido e, caso haja indícios de infração ao Código de Ética Médica, um processo ético profissional será aberto. Se a culpa do profissional for comprovada, ele pode ser penalizado com advertência confidencial em aviso reservado ou até mesmo ter o direito de exercer a profissão cassado.