A presidente da Petrobras, Graça Foster, defende o incremento da produção de etanol como resposta ao aumento da demanda por combustível no país. Ela apresentou o plano de investimentos da empresa até 2016 em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos e Infraestrutura do Senado, presidida pelo senador Delcídio do Amaral (PT/MS). O incremento na produção de álcool, segundo Foster, é a solução mais simples para enfrentar uma eventual redução na oferta de gasolina, alternativa que ela considera melhor do que ampliar a produção de derivados do petróleo, diante do crescimento do consumo.
O presidente da CAE disse que , além de suprir a demanda por um volume cada vez maior de combustível, o aumento da produção de etanol trará efeitos positivos ao meio ambiente.
"Na audiência pública ficou claro o papel fundamental que os biocombustíveis já têm e continuarão tendo no futuro, até porque as novas refinarias vão produzir óleo diesel, nafta, e com o crescimento no país do consumo de gasolina, a mistura com o álcool passa a ter um papel muito importante , principalmente na consolidação de uma matriz energética limpa”, disse Delcídio.
De acordo com o senador, a Petrobras está preparada pra esse esforço.
“A presidente Graça Foster está estruturando a empresa no sentido de criar os mecanismos necessários para implementar um programa extremamente ambicioso, de mais de U$S 220 bilhões nos próximos cinco anos. E um detalhe importante: ela ressaltou que o preço da gasolina não vai variar ao sabor das variações do preço do petróleo, lá fora, até porque o governo da presidente Dilma tem um compromisso com o controle da inflação. A Petrobras vai buscar um preço de convergência, numa atitude muito mais lógica e sensata, que beneficia o pais”, ponderou Delcídio.
Foster disse que a Petrobras tem muitos planos para o etanol, destacando a criação da Petrobras Biocombustíveis, em 2008. Para ela, é importante que a empresa tenha o etanol entre seus produtos, em função da vantagem competitiva do combustível.
“Se tivéssemos participação maior do etanol hoje, as dificuldades seriam menores”. Segundo ela, em algum momento os preços do etanol e da gasolina vão se aproximar, chegando a um intervalo que ela chamou de "convergência adequada". Em defesa da convergência, Foster argumentou que uma companhia com o volume de investimentos da Petrobras tem de trabalhar pela convergência, e não pela igualdade de preços na venda de combustíveis.
“Trabalhamos pela convergência e não acreditamos que a paridade imediata seja saudável para o país. Quem vai investir US$ 71 bilhões em refino não quer que esse mercado [da gasolina] desapareça”, alertou.
A presidente da Petrobras ressaltou ainda que o Brasil tem descoberto óleo em volume significativo e detém a expertise para exploração do mineral.
“Sabemos construir para gerenciar e sabemos operar. Com esse óleo descoberto, quando começar a aparecer, vamos recuperar o valor de nossas ações. Posso dizer aos acionistas: ‘comprem mais ações da Petrobras’. Trabalho muito para atender metas, mas a atividade, por si só, constitui enorme desafio”, afirmou.
Foster também afirmou que uma nova Petrobras está sendo construída com o passar do tempo.
“Temos a Petrobras de 2 milhões de barris de petróleo por dia, mas construímos para os próximos cinco anos a Petrobras de 4,6 milhões de barris de petróleo por dia. Temos hoje 350 empresas ligadas a Petrobras e o grande desafio hoje e recuperar a produção de petróleo. É dali que vem o caixa", afirmou.