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Saúde Mulher: Descubra como escapar do ciclo da autossabotagem

18 setembro 2012 - 13h58Por Redação Douranews

Você está quase chegando lá, quase mesmo. Depois de anos esperando a promoção, basta mais uma demonstração de competência que a sala grande, com janelas, é sua. Você passa a noite preparando a apresentação e, quando chega à empresa, surpresa! Esqueceu o pen drive em casa. Lembra-se de alguma situação parecida? Pois se prepare para o que vai ler: esse é um caso típico de autossabotagem. Pode parecer meio idiota imaginar que você faça algo que possa prejudicá-la. Mas é isso o que acontece. Em maior ou menor grau, qualquer um tem seus momentos de autossabotagem. Mas algumas fazem disso seu modo de viver. “Quem se autossabotagem não consegue evitar estragar o próprio bem-estar repetidamente. Mesmo quando as coisas vão bem, faz algo que põe tudo a perder”, diz a psicóloga Lana Harari, de São Paulo.

O termo autossabotagem foi criado pelos psicólogos americanos Steven Berglas e Edward Jones em 1978. Eles descobriram que um dos mecanismos mais comuns que levam a cometer um atentado contra si mesma é não se achar merecedora de algo. É como se, no fundo, sentisse que está conquistando algo ilicitamente. E isso pode acontecer no caso de uma promoção, de um bem novo, de um namorado.

Pisando no próprio calo

Mas onde nasce tamanha desconfiança de si mesma? “A chave está na autoestima baixa”, diz o psicólogo Marco Antonio De Tommaso, da Universidade de São Paulo. “Ser feliz parece gerar ansiedade e evocar ecos do passado que dizem ‘Não mereço ser feliz’.” As causas para esse descompasso normalmente estão relacionadas com a educação, e os principais culpados são os pais.

Parece um tanto simplista, mas é isso que defende o livro O Ciclo da Auto-Sabotagem, de Stanley Rosner e Patricia Hermes (Ed. BestSeller, 210 págs., R$ 24,90*). “Embora não se possa resumir tudo aos pais, eles acabam se tornando modelos de comportamento”, diz De Tommaso.

Mas não se pode desprezar a influência dos colegas da escola, dos amigos da adolescência, de um chefe rabugento que minava sua autoestima. Padrões estabelecidos durante a vida — por mais destrutivos que sejam — acabam virando em nossa cabecinha perturbada o default de nossos atos. E mesmo quando percebemos que temos de mudar vêm outros sentimentos para colocar uma pá de cal nessas boas intenções: a culpa e o medo. Culpa de romper os modelos da infância. Medo de mudar e fracassar. , no fundo, sentisse que está conquistando algo ilicitamente. E isso pode acontecer no caso de uma promoção, de um bem novo, de um namorado.

Repetindo os mesmos erros

Pelo raciocínio de Rosner e Patricia, a menina que viu a mãe humilhar pode repetir o comportamento com o parceiro e sabotar o relacionamento. Ou reproduz-se na fase adulta um papel vivido na infância. Isso acontece, por exemplo, quando o pai morre muito cedo e à menina cabe a tarefa de consolar a mãe. Ela acha que sua missão de salvadora é eterna e buscará parceiros carentes a quem possa consolar. Aliás, a repetição é irmã siamesa da autossabotagem. Você sabe que algumas situações vão acabar mal, mas não consegue reverter o mau hábito: tornar-se fria sem motivo com aquele cara legal ou perder o voo da viagem que planejou durante meses.

Parece absurdo pensar que pode fazer tanto mal a uma pessoa tão querida: você mesma. De forma inconsciente, claro, porque ninguém sai recitando por aí que quer ser infeliz. É difícil imaginar que sua pior inimiga está dentro do seu corpinho esculpido à base de exercícios e massagens redutoras. Então, é hora de dizer para essa megera “Saia desse corpo que ele não te pertence” e romper esse ciclo. O processo sempre passa pelo autoconhecimento. Muitas vezes é preciso terapia. Mas refletir também dá resultado. Algumas dicas vão ajudá-la a perceber se está se autossabotando e a tomar uma atitude.

Como quebrar o ciclo

Conheça alguns comportamentos e pensamentos típicos da autossabotadora

Síndrome da impostora Quem sofre desse distúrbio não se considera capaz de cumprir as tarefas profissionais. Pior, faz parte de um grupo que sofre com a possibilidade de as coisas darem certo. Não tem a ver com incompetência; é uma percepção subestimada dos talentos. Fica o tempo todo com a sensação de que será desmascarada. (O que Freud explicou no artigo “Os Que Fracassam ao Triunfar”, mostrando que algumas pessoas não conseguem usufruir a satisfação de uma conquista.) Isso acontece porque em algum momento foi desvalorizada. Quando criança, porque não era muito boa nas competições de queimada; talvez por um chefe tirano, que a diminuía. “Ela pode não querer a promoção para proteger o marido, não se tornando mais bem-sucedida que ele”, diz Lana Harari.

 Quebre o Ciclo
O primeiro passo é refletir se suas dúvidas têm algum fundamento. Seja prática: pergunte a seus colegas e chefe. Se houver alguma deficiência, será que não pode ser resolvida? “Mas é importante se responsabilizar”, diz Eduardo Elias Farah, consultor de carreiras e professor da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. “Isso significa tomar consciência de que o que acontece é consequência direta dos seus atos, não azar ou destino.” Mais: é não ter medo das mudanças que novas conquistas trarão e se agarrar à parte de você que quer arriscar, que quer chegar ao pote de ouro no final do arco-íris.

Amada, eu?

Às vezes é difícil imaginar como aquele cara se interessou por você. Resultado da baixa autoestima. Crianças que eram valorizadas pelo que conseguiam — boas notas, medalhas nos esportes etc. — tendem a achar que só serão amadas ao se mostrar poderosas ou extremamente autossuficientes. Só que essas características são as que, em geral, afastam muitos homens — ou atraem os errados.

 Quebre o Ciclo
Se você está em um relacionamento que não funciona, é preciso tomar uma atitude. Diz o ditado que “se continuar fazendo o que está fazendo, continuará obtendo o que está obtendo”. Portanto, não se acomode. Coloque no papel todas as características comuns dos homens com quem se relacionou. Eram todos parecidos fisicamente ou psicologicamente? Como você agia com eles? Era sempre mandona, mãezona ou submissa? Analisando esses aspectos, você vai identificar os mecanismos que afastam as pessoas de você ou por que atrai sempre os caras errados. Se gosta daquele estilo moderno, de calça jeans, camiseta, barba por fazer, que tal experimentar um mauricinho? Se costuma querer agradar o parceiro sempre, nunca dizendo não para não contrariá-lo, pode ser um bom momento de pensar no que realmente quer e dizer sim apenas para as coisas que a deixam feliz. É fato que alguns não vão gostar e você se verá sozinha. Mas e daí?

 Emagreci, agora vou engordar

Não há caso mais óbvio de autossabotagem do que passar fome durante a semana para caber na calça jeans e comer feijoada no sábado. E depois ainda ficar se lamentando: “Por que eu fiz isso?” Ora, porque você não quer emagrecer de verdade. É claro que cair em tentação uma vez é mais do que normal. Mas a pessoa que sistematicamente detona a dieta, das duas uma: ou tem força de vontade zero ou não quer mesmo emagrecer. Nos dois casos, coloca uma máscara de coitada para não assumir as rédeas de sua vida. > Quebre o Ciclo
Descubra como a gordura é útil às suas estratégias de se autossabotar. “Uma pessoa tímida, por exemplo, usa a gordura como proteção. E diz que não arruma namorado porque é gorda”, define Marco Antonio De Tommaso. A obesidade também é usada para mascarar a sexualidade, fugir da vida social etc. Você pode atacar por todas as frentes: emagrecer, melhorar a autoestima e tratar seus problemas de se relacionar com as pessoas. Ou mesmo se assumir uma gordinha feliz. Uma coisa é certa: a vida não é dividida em pessoas que vestem 38 e são felizes e as que vestem 46 e estão condenadas à infelicidade. A primeira providência é abolir o papel de vítima, encarar a vida e decidir se você quer ser feliz ou não, independentemente do tamanho da sua calça jeans.

Esse carro novo vai dar problema

O escritor irlandês Oscar Wilde costumava dizer que no mundo há somente duas tragédias: uma é não ter o que se quer; a outra é ter. “Muitas vezes a pessoa até formula desejos saudáveis, mas inconscientemente não resolveu sua relação consigo mesma e, por isso, não consegue ser feliz e desfrutar dos resultados positivos”, explica Lana Harari. Comprar um carro zero pode parecer uma grande conquista, mas há o medo inconsciente de que não vai acabar bem. A certeza de que algo ruim irá acontecer — e pode ser com o carro novo, com a viagem tão esperada ou a festa-surpresa para a amiga — é tão grande que é melhor precipitá-lo para acabar logo com a angústia. Ou seja, em vez de aguardar que a coisa ruim aconteça, a pessoa toma as rédeas da situação. Isso pode significar bater o carro antes de fazer o seguro, desmarcar a viagem ou deixar o lindo bolo se espatifar no chão ao levá-lo à mesa.

 Quebre o Ciclo
Por mais incrível que possa parecer, coloque na sua cabeça que você merece. Sem culpa. “O inconsciente é como uma criança dentro de nós que segue o que chamamos de princípio do prazer, ou seja, quer somente satisfazer seus desejos. Mas o lado adulto, consciente e racional, não aceita os próprios desejos infantis, gerando um descompasso”, explica o psicanalista Roberto Dantas, de São Paulo. Deixe a criança solta, aceite a felicidade que bate à sua porta sem questioná-la, sem deixar que a culpa dê um chega pra lá na satisfação. Repita para você mesma ‘Eu mereço’ todas as vezes que acontecer algo bom e não tenha pudores em estampar um sorriso enorme de satisfação no rosto, daqueles de dar cãibra nas bochechas. Conforme o site Women's Health.

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