Saúde

Hepatites virais são ameaça silenciosa à saúde do fígado

10 AGO 2016 • POR • 18h41
Médica oncologista Bianca Lastra: vírus atacam silenciosamente - Foto: Divulgação

A hepatite (inflamação do fígado) é uma das doenças que os médicos costumam chamar de silenciosas. É muito comum que os sintomas só apareçam (principalmente em se tratando das hepatites dos tipos B e C) quando a doença já está em estágio avançado e já se transformou, na verdade, em cirrose ou câncer de fígado. Esses pacientes levam anos para descobrir que estão infectados. Por isso, o diagnóstico precoce é determinante para evitar a transmissão ou a progressão das hepatites, que podem acarretar graves consequências. Para conscientizar as pessoas sobre o assunto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou em 2010 o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, 28 de julho, e orientou médicos e agentes de saúde sobre a necessidade de aumentar o alerta em relação ao problema.

Para Bianca Lastra, oncologista clínica do Centro de Tratamento Oncológico, em campanhas como o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais “é importante aproveitar para conscientizar a população de que a hepatite pode evoluir para doenças mais graves, como o câncer”. A hepatite viral é uma doença infecciosa que afeta diretamente o fígado. Cerca de 1,4 milhão de pessoas morrem por ano por conta da doença em todo o mundo. No Brasil, as mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. “Milhões de pessoas no Brasil são portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Elas correm o risco de as doenças evoluírem e causarem danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que ajudam no diagnóstico”, alerta a oncologista Bianca Lastra.

Os principais sintomas das hepatites virais são: náuseas e vômitos, dores abdominais, febre, falta de apetite, mal-estar geral, urina escura (cor de refrigerante de cola), fezes esbranquiçadas, e pele e olhos amarelados (icterícia).

O câncer de fígado pode ser primário ou secundário. O câncer primário é o tumor que se origina no fígado e o secundário é o metastático, ou seja, originado em outro órgão e que atinge também o fígado.

As hepatites virais B e C são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de fígado. Uma pessoa infectada pelo vírus B tem 100 vezes mais chance de desenvolver tumores do que uma pessoa saudável. E a hepatite C é responsável por 54% dos casos de câncer de fígado no Brasil. No Brasil, enquanto a hepatite B é mais frequente na faixa etária de 20 a 49 anos, a hepatite C acomete mais pessoas entre 30 e 59 anos.

As formas de prevenção do câncer são conhecidas. Ter hábitos de vida e alimentares saudáveis, evitar alcoolismo, além da identificação e tratamento dos pacientes com hepatite B e C. As medidas preventivas para hepatites incluem o saneamento básico, as boas práticas de higiene pessoal, como lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de comer, lavar bem alimentos que serão consumidos crus e cozinhar bem os demais, principalmente frutos do mar e carne de porco.

É muito importante também o uso de agulhas e seringas descartáveis, além de evitar compartilhar objetos perfurocortantes como barbeador e instrumentos de manicure/pedicure. É importante ainda ter certeza de que materiais utilizados para fazer tatuagens e para a colocação de piercings sejam descartáveis. A proteção nas relações sexuais com preservativos também é fundamental. “A hepatite C também é considerada uma doença sexualmente transmissível”, destaca Bianca Lastra. “Alguns tipos de vírus e bactérias, como os da toxoplasmose, rubéola, sífilis, hepatites e AIDS são o que chamamos de ‘amigos’, provocam a co-infecção. É comum o paciente ter essas doenças simultaneamente, por isso a prevenção é fundamental”, avalia a médica.

Já existem vacinas para as hepatites A e B, que têm se mostrado eficazes em aproximadamente 95% dos casos. Nas crianças, a primeira dose da vacina de hepatite B é dada ao nascer, sendo repetida aos 2 e aos 6 meses. Já a vacina para hepatite A é aplicada quando a criança completa 1 ano, e o reforço ocorre com 18 meses. No caso de adultos, é preciso tomar as 3 doses de hepatite B e as duas de hepatite A para que a vacinação possa ser considerada completa. É possível ainda tomar a vacina combinada de hepatite A e B. Atualmente não existe vacina para a hepatite C.

Por Dina Santos, especial para o LeiaJá.