Polícia

MPF divulga lista de armas e munições de fazendeiros apreendidas em Caarapó

22 AGO 2016 • POR • 17h19
Conflito entre índios e fazendeiros também teve máquina agrícola incendiada - Foto: Arquivo/Douranews

O MPF (Ministério Público Federal) divulgou nesta segunda-feira (22), por meio da força-tarefa Avá Guarani, a relação de materiais apreendidos pela PF (Polícia Federal) nas residências e propriedades dos fazendeiros presos preventivamente quinta-feira (18) por envolvimento no ataque aos índios da comunidade Tey Kuê, em Caarapó. Ao todo, 11 armas, 310 cartuchos e dois carregadores de pistola foram recolhidos pela polícia.

De acordo com os autos de apreensão, foram encontrados entre as armas apreendidas dois revólveres e um rifle calibres 38, uma pistola .380 e sete espingardas calibres 16, 22, 28, 32, 36 e 38. Dos 310 cartuchos recolhidos, a maioria são de calibre 22 (91 unidades), 380 (67) e 38 (54).

Para o Ministério Público, o resultado da busca e apreensão reforça as investigações. “A perícia realizada no local do ataque à comunidade encontrou projéteis deflagrados em calibres compatíveis com as munições apreendidas”, informou o MPF, acrescentando que as investigações sobre os ataques a Tey Kuê vão continuar. Dos cinco mandados de prisão obtidos pelo MPF na justiça, quatro foram cumpridos pela polícia e os proprietários rurais permanecem encarcerados na PED (a Penitenciária Estadual de Dourados).

Tey Kuê

A comunidade Tey Kuê, de Caarapó, vive clima de conflito desde junho deste ano, quando os índios ocuparam a fazenda Yvu, que incide sobre a Terra Indígena Dourados Amambaipeguá, mas foram expulsos a tiros do local, de acordo com o que divulga o MPF. Segundo relatos, de 200 a 300 pessoas, em aproximadamente 40 caminhonetes, cercaram a comunidade e efetuaram disparos de arma de fogo em direção aos índios. De um grupo de 40 a 50 índios, nove ficaram feridos e um morreu. Dos indígenas lesionados, um deles continua internado.

Em julho, um mês após o primeiro ataque, nova investida foi realizada contra os Guarani-Kaiowá, deixando outros três feridos, dois deles adolescentes, de acordo com o apurado pela força-tarefa Avá Guarani, do Ministério Público Federal, instituída pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para apurar crimes contra as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Em 10 meses de investigações, doze pessoas já foram denunciadas por formação de milícia privada contra os índios em outro caso e, agora, quatro foram presas preventivamente.