Opinião

Uragano: os sem vergonhas

6 OUT 2010 • POR Vivaldo S. Melo • 12h12

“Os sem vergonhas” é uma premiada peça de teatro, baseada em texto do argentino Daniel Botti e inspirada na obra Ladie’s Nigth, de Anthony MaCarten e Stephen Sinclair, que resultou no filme “Ou Tudo ou Nada” (EUA, 1997). Em Dourados ela não precisa ser exibida, pois “os sem vergonhas” estão em evidência no cenário político, depois das revelações chocantes/picantes da Operação Uragano, deflagrada pela Policia Federal.

Os personagens daqui, por sinal reais, são aqueles vereadores que, flagrados pegando dinheiro de propina, com a câmera indesejável do jornalista Eleandro Passaia, não tiveram a dignidade de assumir  seus erros e, mais que isto, comportam-se no pós furacão como se absolutamente nada tivesse acontecido. Um desses, outro dia, distribuía acenos – só faltaram beijinhos – num ambiente público da cidade.

Embora a situação seja complexa e alguns fatos precisam ser elucidados com mais clareza, requer-se dos “nobres vereadores” filmados e transformados em motivo de escárnio geral, que se restrinjam o máximo que puderem. E pensem em algumas posturas: se realmente devem, façam no mínimo como fez Aurélio Bonato, em carta dirigida à população. Mais que isto, mirem-se no exemplo do personagem bíblico Zaqueu, que devolveu o dinheiro que roubara das pessoas.

A postura de arrependimento é restauradora. Possibilita um novo começo. A relutância, porém, em assumir certos erros permite que os transgressores tenham contra si a ação permanente dos verdugos da alma, sempre indicando que uma ferida não foi totalmente curada.

Quanto à população, ávida por “justiça”, precisa tomar cuidado com a hipocrisia. Muitos que atiram pedras podem esconder, também, ilícitos que os fariam, diante de Deus, tão culpados quanto às pobres vítimas desse que é um dos maiores inimigo do homem: o dinheiro,comprovadamente a raiz de todos os males.

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