Política

Governadores são pegos de surpresa após mudanças na reforma da Previdência

23 MAR 2017 • POR G1/Brasília • 13h38
Michel Temer fala sobre a reforma da Previdência - Reprodução TV

Os governadores de Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), Piauí, Wellington Dias (PT), e Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disseram nesta quarta-feira (22) que foram pegos "de surpresa" com a decisão do presidente Michel Temer de excluir da reforma da Previdência Social os servidores estaduais (saiba mais no vídeo acima).

Nesta terça (21), Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual anunciou a decisão do governo. "Surgiu com grande força a ideia de que deveríamos obedecer a autonomia dos estados. [...] Reforma da Previdência é para os servidores federais", disse o presidente na ocasião.

Ao comentar a decisão do governo, após reunião com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), Pezão aprovou a medida, mas disse que foi pego de surpresa.

"Claro que esse [anúncio] pegou todos nós de surpresa porque foi ontem à noite, a gente ainda está vendo. A gente quer ver qual texto que vai ser enviado pro Congresso Nacional", afirmou.

Após participar da cerimônia de posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o governador Flávio Dino(PCdoB) disse que a mudança não surgiu de um pedido dos governadores e o anúncio os pegou de surpresa.

"Não houve um pleito dos governadores porque a maioria, inclusive, tem sido a favor dessas mudanças. Há alguns que tem restrições como eu, por exemplo, mas, de um modo geral, os governadores concordam com uma agenda de revisão das regras da Previdência, independente do conceito", afirmou. "Então, de fato, foi uma surpresa. Talvez essa surpresa vise criar um movimento de solidariedade dos governadores", acrescentou.

Na avaliação de Flávio Dino, a retirada dos servidores estaduais da reforma da Previdência Social se deve à dificuldade do governo federal em aprovar o projeto no Congresso em ano pré-eleitoral. Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, Temer foi alertado que a reforma corria risco.

"A tradição brasileira nesses temas da reforma da Previdência vem exatamente nessa direção. Começa-se com um programa máximo e termina-se com um programa mínimo. [...] É muito difícil reunir maiorias sólidas num ano pré-eleitoral num tema que enfrenta tantas controvérsias", disse.

Em seguida, também ao deixar a posse de Alexandre de Moraes, o governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou ter sido surpreendido pela mudança anunciada por Temer, mas que a medida não resultará em problemas para o estado. "Para efeito do Piauí, [a mudança] não interfere", declarou.

Decisão facilita aprovação da reforma

Logo após Temer fazer o anúncio, nesta terça, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou que a medida facilitará a aprovação da reforma.

"Eu acho que [a decisão de Temer] facilita muito [a aprovação], acho que tira 70% da pressão que estava sendo recebida na reforma da Previdência. Você estava recebendo uma pressão que não era necessária. Então, agora, concentra nos servidores federais, no Regime Geral e vai ter um sistema saudável que garanta as aposentadorias", afirmou Rodrigo Maia na ocasião.