Economia

Fantasma de nova crise do petróleo paira sobre crescimento mundial

26 FEV 2011 • POR Redação Douranews, com AFP • 16h03

O avanço dos preços do petróleo, provocado pelos conflitos na Líbia, ameaça o crescimento econômico mundial, ainda convalescente. Ao mesmo tempo, o contágio das revoltas populares na Arábia Saudita e na Argélia poderiam agravar ainda mais a situação e levar a um novo choque de petróleo.

Nas últimas semanas, o preço do barril disparou em conseqüência das tensões políticas no Oriente Médio.

Após ter-se aproximado da marca simbólica dos US$ 100 (R$ 166 na conversão hoje) no dia 31 de janeiro pela primeira vez em dois anos, o barril do petróleo produzido na região do Mar do Norte (Europa) alcançou os US$ 120 (quase R$ 200) na quinta-feira (24), nível que não era registrado desde agosto de 2008.

Se esse aumento na cotação do petróleo no mercado internacional persistir, pode elevar o preço do produto também  no Brasil, o que terá impacto no preço da gasolina, que poderá ficar mais cara e empurrar a inflação do pais para cima.

Esta alta foi uma reação à insurreição na Líbia, um dos quatro maiores produtores africanos do produto, e às prováveis conseqüências sobre as exportações líbias de petróleo.

Normalmente, Trípoli exporta 1,49 milhão de barris diários (mbd), a grande maioria (85%) para a Europa, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

Após os recentes acontecimentos, a produção sofreu uma redução de pelo menos 500.000 barris diários, segundo a AIE, chegando a ser completamente suspensa em alguns momentos, explicam analistas.

As indústrias de petróleo, que atualmente trabalham na Líbia, podem deixar os portos do país, com "o fluxo de exportações devendo cessar ou sofrer uma redução drástica", em razão dos problemas de segurança, segundo estimativas de especialistas do banco Barclays.

A curto prazo, no entanto, o mercado pode combater esta crise - estimou nesta sexta-feira (25) o diretor da divisão de Indústria e Mercados de Petróleo da AIE, David Fyfe.

O petróleo líbio, que representa menos de 2% do abastecimento mundial, pode ser substituído pelo do Mar do Norte ou de outros países do oeste africano, que produzem um produto de qualidade semelhante.

Além disso, a Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) pode aumentar sua produção em 5 milhões de barris por dia se achar necessário.

No entanto, se o equilíbrio da oferta e da demanda precisar ser garantido, provavelmente será às custas de um forte aumento dos preços.