Política

Dever cívico ficou perigoso com a criminalização da política pelo MPF

3 ABR 2017 • POR Izabela Jornada/CE • 13h04
Valeriano não vê sentido de partidos pagarem por confiscos de bens ou em dinheiro por atos de seus dirigentes - Gerson Walber/Arquivo

A ação civil pública ajuizada pelo MPF (Ministério Público Federal), no Paraná, com pedido de responsabilização por atos de improbidade administrativa contra o Partido Progressista (PP) tem gerado inquietação na área jurídica. “Essa ação só confirma o que muitos já concluíram: a política se tornou um dever cívico extremamente perigoso, delicado mesmo, porque até o patrimônio amealhado fora dela pode ficar seriamente comprometido” alertou o advogado e ex-juiz eleitoral André Borges.

Considerando uma ação bastante prejudicial para a classe, o ex-juiz eleitoral ratificou que essa atitude do MPF prejudica o ingresso de pessoas com boas motivações na área política. “Hoje em dia para ser político ou a pessoa é muito ousada ou imprudente”, disse ele.

Os processos contra os políticos estão crescendo cada vez mais. A fiscalização é grande e o número de agentes públicos que se encarregam de controlar o que o parlamentar faz tem sido intensa. O resultado é a criminalização da política. “Variadas são as possibilidades de condenação. Sanções vão desde uma multa até a prisão e bloqueio de bens. Algumas vezes a acusação é precipitada ou vazia, passando vários anos até se conseguir provar a inocência, quando a honra e a boa imagem já estão totalmente destruídas”, declarou Borges.

Advogados acreditam que processos dessa natureza têm transmitido falsa ideia de que todos os políticos praticam atos ilícitos. “O que não é verdade. Embora raro, existem por aí políticos decentes e empenhados na defesa do interesse público”, defendeu o ex-juiz eleitoral.