Polícia

Amigo nega que havia flambadores na caminhonete de Adriano

6 ABR 2017 • POR Bárbara Cavalcante/CE • 15h10
PRF participou da 1ª audiência - Paulo Ribas / Correio do Estado

A versão de que o policial rodoviário federal assassinou o empresário Adriano Correia do Nascimento, de 33 anos, a tiros continua sendo confirmada por Agnaldo Espinoza da Silva, que também estava no veículo no dia do crime.

Na primeira audiência de instrução e julgamento do policial rodoviário Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, que ocorreu hoje na 1ª Vara de do Tribunal do Júri de Campo Grande, Agnaldo também afirmou que não tinham flambadores no piso do veículo.

Além de Agnaldo, cinco testemunhas de acusação prestaram depoimento. Outra vítima que estava na caminhonete, um adolescente de 17 anos, também seria ouvido hoje, mas não foi intimado por estar em Dourados e prestará depoimento posteriormente. Moon estava presente, mas não deu declarações.

Os maçaricos apareceram em janeiro, quando servidora da perícia, que não estaria diretamente ligado ao caso, questionou as provas levantadas por colega dois dias antes e pediu que ela fizesse nova varredura na caminhonete. Ao abrirem o veículo, encontraram os dois itens.

No entanto, para a diretora da Coordenadoria-Geral de Perícias de Mato Grosso do Sul, Glória Setsuko Suzuki, os dois flambadores culinários foram plantados depois das análises periciais, com o objetivo de tumultuar as provas, embora este tipo de equipamento fosse utilizado no restaurante da vítima.

“Os flambadores foram encontrados de uma forma muita suspeita e escancarada. Antes disso, já havíamos documentado tudo com mais de 270 fotos e nada disso havia sido relatado", disse Glória.

Versão mantida

Na audiência, Silva também manteve a versão dada à polícia, de que estava com Adriano e o adolescente no carro, voltando de uma boate. Na avenida Ernesto Geisel, caminhonete invadiu a pista onde estava o PRF, que teria descido do carro exaltado e não se identificou como policial.

Ainda segundo Agnaldo, ele também desceu do veículo e Moon lhe apontou uma arma, motivo pela qual ele retornou ao veículo. Em seguida, policial teria atirado contra Adriano, que morreu e com o peso pressionou o acelerador, avançando dessa forma o veículo na direção do policial e colidindo em um poste.

Duas testemunhas, que estavam em velório na frente de onde ocorreu o caso, confirmaram a versão de Agnaldo. Elas disseram que viram o policial apontar a arma contra os rapazes e atirou sem ser ameaçado por Adriano.

Outra testemunha afirmou apenas ter ouvido o barulho do carro arrancando, em seguida ouviu o disparo e o barulho da batida. Outras duas testemunhas ouvidas contestaram a versão de Agnaldo e disseram que não viram o policial apontar a arma contra a vitima.

Advogado do policial, Renê Siufi disse que está confiante em provar que Moon agiu em legítima defesa depois do empresário ter tentado matá-lo jogando o carro em cima dele.

“Estou tranquilo porque tem elementos que já desmentem muito do que Agnaldo está falando. Vamos aguardar o restante das audiências", disse Siufi, sem detalhar quais são os elementos.

Próximas audiências estão marcadas para a próxima semana. Na próxima terça-feira (11), às 15h, três peritos criminais e dois delegados serão ouvidos. Na quarta-feira (12), será realizado o interrogatório do acusado e haverá oitiva das testemunhas de defesa.

Caso

O caso ocorreu na Avenida Presidente Ernesto Geisel, entre a Rua 26 de Agosto e a Avenida Fernando Corrêa da Costa, no dia 31 de dezembro do ano passado, depois de discussão no trânsito. Adriano foi atingido por cinco disparos, segundo a perícia. Ele sofreu duas perfurações no tórax, uma na costela e outra no braço direito.

O crime aconteceu enquanto vítima e dois familiares retornavam de uma casa noturna onde foram comemorar aniversário.

Informações da Polícia Civil apontam que Ricardo Moon teria disparado pelo menos sete vezes.