Manoel Afonso

Amplavisão – Dúvida cruel: Quem irá nos ‘salvar’ agora?

19 MAI 2017 • POR • 15h34

‘VALE TUDO’ Nesta novela, de 1988, o personagem sacana vivido por Reginaldo Farias foge com a mulher e na cabine do jatinho dá uma ‘banana’ debochada. Após 29 anos a ficção vira realidade: os irmãos Batista dão no pé e enviam carta infame pedindo desculpas. Aí lembro Cazuza cantando: “Brasil – Mostra a sua cara – Quero ver quem paga pra gente ficar assim – Brasil – Qual é o seu negócio?”

‘MAGIA’ A história da Friboi é pública. Sacou dinheiro do BNDES e nos Governos Lula e Dilma cresceu 17 vezes. Aliás, essa relação promete revelações sensacionais. Mas interessa aqui os estragos que a Friboi fez na economia estadual, onde acertou com os políticos, comprou frigoríficos e imperou absoluto ditando preços e condições aos produtores. Hoje, ao contrário dos alemães na época de Bismarck, nós sabemos como as linguiças e as leis são feitas.

SEM SAÍDA Vender pra quem senão para a Friboi? Sem concorrência, a Friboi nadou de braçadas, depreciando inclusive o mercado do bezerro/garrote. Ferrou literalmente os criadores e invernistas, mas ajudou os políticos – cúmplices - que fazem vistas grossas a essa política de cartel vergonhosa.

‘MIGALHAS’ Pelo que fatura aqui, inclusive por conta dos incentivos fiscais estaduais com a ‘Celulose Eldorado’ em Três Lagoas, ‘foi pouco’ o que investiu nas eleições para o Senado e Governo em 2014 [R$ 10,5 milhões ao PSDB; R$ 5 milhões ao PMDB; R$ 400 mil ao PP e R$ 154 mil ao PT. Detalhe: só cachê de Andrea Boccelli para cantar na inauguração da Eldorado foi de R$1 milhão.

VENDO essa aliança esdrúxula dos políticos, alguns deles pecuaristas, com a JBS e Friboi – não há como deixar de citar o Nelson Rodrigues em sua genial definição: “Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”. A imprensa local tem sim o dever de levar esses fatos ao conhecimento da população.

O NOVO? Evidente que o quadro nacional poderá influenciar o eleitor local na sua análise das possibilidades ou perspectivas do pleito de 2018. Ora! A sucessão nacional – pelo calendário – ocorrerá junto com a sucessão estadual. Daí - tudo poderá ocorrer dependendo dos protagonistas e do quadro à época.

O ESTIGMA que colou na classe política que ‘habita’ Brasília, contamina por analogia grande parte dos políticos regionais. Salvo as exceções, aqui a imagem da classe política por conta dos currículos e escândalos, leva o eleitor a repensar, liberto de velhas paixões, partidos e lideranças.

A RAPIDEZ dos fatos do cenário político associada à situação econômica enseja a reflexão sobre conceitos administrativos e seus líderes. Não é por acaso, por exemplo, que o prefeito paulistano João Dória Jr. ganha força, passando a ser visto como nova opção ao Planalto em 2018. Mas advirto: o Brasil ainda não chegou ao fundo do poço.

EVIDENTE que estereótipo do novo político diz mais de suas atitudes comportamentais e exemplos de vida do que sua idade. Vale sim o seu preparo, comprometimento com ideias modernas, transparentes e de acordo com as necessidades do povo. Já ouço por aí algumas reflexões neste sentido.

EXEMPLO local que ganha chances é o do senador Pedro Chaves (PSC) com disposição de ocupar o espaço da candidatura majoritária. A estrada é longa, mas há ambiente para costuras, agregando lideranças e partidos para duas vagas ao senado e a vice governador. É pra pensar, sim!

TORNOZELEIRA Com ou sem ela, o ex-governador André Puccinelli saiu ainda mais fragilizado. Como no episódio da prisão do ex-deputado Edson Giroto (PR), adotou a postura passiva – estranha a sua personalidade – não se defendendo na imprensa das graves imputações contra sua honra.

ALEGAÇÕES de abuso de autoridade de nada adiantam; os estragos são irrecuperáveis. As prisões de pessoas ligadas ao ex-governador funcionam como combustível inflamável na fogueira da imaginação popular, onde as versões populares se sobrepõem às provas processuais, inclusive. A casa caiu junto com o mito?

OS ÓRFÃOS de André fazem o que podem para minimizar os estragos. O choro é grande. Sem outro nome à altura, o caminho inicial seria o PSDB. Mas no saguão da Assembleia Legislativa ouvi a tese de que tudo dependeria da performance da atual gestão tucana e até dos reflexos de Brasília.

CIRO GOMES Aos 60 anos, o mesmo crítico com soluções para todos os males. Perguntei-lhe sobre sua derrota nas eleições de 2002 e ele confessou na lata: “perdi pelas bobagens pessoais”. Tenta postar-se como alternativa da esquerda, aposta na imprevisibilidade na política. Tá na área, tenta o gol que perdeu lá atrás.

DR. ODILON O flerte do Juiz Federal com o PDT é interessante, mas o partido dependeria da força da coligação. Poderia integrar uma coligação sendo candidato ao Senado, ao lado de Ricardo Ayache ou Murilo Zauith (ambos do PSB) junto Pedro Chaves (PSC) ao Governo.

O JUIZ FEDERAL Odilon participa na manhã deste domingo, às 9h30, do programa ‘Diálogo Aberto’ na TV Record-MS, comandado pelo colega Ogg Ibrahim, falando inclusive sobre política. Além do colunista, participa a jornalista Carmem Cestari. Convém assistir!

PURA VERDADE! “Nós erramos no julgamento do desempenho parlamentar: do vereador ao senador. Temos por parâmetro verificar quantas leis ele criou, sem levarmos em conta que elas podem ter complicado ainda mais nossa vida, com mais entraves e às vezes outros impostos”.

A OBSERVAÇÃO, de Sérgio Longen - presidente da Federação das Industrias de MS. – durante o debate havido na entidade com a presença do jornalista Ricardo Amorim (Globo News), retrata essa cultura sedenta por leis. Esse excesso de legislação encarece e inviabiliza o país, afastando os empreendedores. O país dos carimbos e certidões.

SEM MOLEZA Se depender do presidente João Rocha (PSDB) da Câmara da capital, a CCR MS Vias não terá vida fácil. Na reunião desta quinta feira com vereadores de 21 cidades servidas pela BR 163, ele mostrou as incoerências da empresa para justificar o abandono das obras e a cobrança do pedágio.

JOÃO ROCHA lembrou: só 136 km dos 845 foram duplicados – menos de 17%. O fluxo diário de 46 mil veículos garante a continuidade da obra; a empresa obteve empréstimo de R$ 2,9 bilhões junto ao BNDES. Documento foi elaborado e enviado a Agencia Nacional de Transportes Terrestres mostrando o quadro desolador. É esperar.

“O Brasil é um prato cheio para o sarcasmo e a avacalhação” (Diogo Mainardi)