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Candidato a PGR diz que fará mudanças na rotina da Lava Jato se escolhido ao cargo

16 JUN 2017 • POR Blog Matheus Leitão • 14h53
Procurador Carlos Frederico Santos, candidato a PGR - Divulgação/Blog Matheus Leitão

O procurador Carlos Frederico Santos, candidato a procurador geral da República, acredita que os processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) não tem tido êxito e estão carentes em termos de condenações.

"Farei mudanças na Lava Jato da PGR, na rotina de trabalho e na assessoria, buscando otimizar seus resultados, para que seja efetivamente produtiva”, afirmou ao blog.

Carlos Frederico é um dos oito candidatos a lista tríplice organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

Marcada para o dia 27 deste mês, a eleição contará com os votos de cerca de 1300 procuradores para escolher os três principais nomes a sucessor de Rodrigo Janot, que deixa o cargo em setembro.

A sequência de três nomes será enviada ao presidente Michel Temer no momento em que ele é investigado na própria PGR pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa.

Apesar de poder escolher qualquer um dos três nomes, o primeiro da lista tem sido conduzido para liderar a PGR desde o governo Lula.

Carlos Frederico sempre esteve na oposição a Janot, procurador geral que assumiu o cargo em 2013 e comandou a Lava Jato desde o seu nascimento.

Ao blog, ele afirmou, contudo, que dará todo o apoio para que a Operação em Curitiba continue dando respostas eficazes para a sociedade.

A seguir, a entrevista com o procurador que ingressou no Ministério Público em 1987:

Blog- Na sua opinião a Lava Jato precisa de algum aperfeiçoamento ou mudança de métodos? O senhor pretende alterar procedimentos? Quais?

Carlos Frederico Santos - Enquanto a Lava-Jato de Curitiba tem mostrado sua eficácia, a Lava Jato da Procuradoria Geral da República, ou seja, aquela que atua junto ao Supremo Tribunal Federal, não tem conseguido levar a êxito seu trabalho, carente que está em termos de condenações.
Darei todo o apoio necessário para que a Lava Jato de Curitiba continue dando respostas eficazes para a sociedade.
Farei mudanças na Lava Jato da PGR, na rotina de trabalho e na assessoria, buscando otimizar seus resultados, para que seja efetivamente produtiva.

Blog - O Ministério Público já foi criticado por excessos na operação. Qual a sua avaliação dessas críticas e do andamento da Lava Jato?

Carlos Frederico Santos - O descontentamento de investigados é um fato natural. A Lava-Jato de Curitiba adotou o caminho do meio. Já a Lava-Jato da Procuradoria Geral da Republica demonstra não ter adotado esse caminho, tem tomado medidas que nem a própria sociedade tem aprovado, as quais sequer produziram condenações.

Blog - Que outros focos, além do combate à corrupção, sua gestão promete tocar?

Carlos Frederico Santos - Precisamos lembrar que o Ministério Público não se encerra na sua atuação criminal. Como prevê a Constituição Federal de 1988, tem atuação muito mais ampla e abrangente nas mais diversas áreas.
Dessa forma, pretendo dar relevo, também, ao trabalho na área da tutela coletiva, no que destaco fiscalizar, estabelecer ou provocar a adequação de políticas públicas, inclusive com o uso de ativos financeiros recuperados pelas forças tarefa da área criminal.

Blog -Qual a sua opinião sobre o abuso de poder? Mesmo deixando de lado o caráter político da questão como está colocada hoje, como evitar que autoridades do MP abusem de seu poder?

Carlos Frederico Santos - O controle para se evitar o abuso de poder já existe, seja pelos conselhos, como o Conselho Nacional do Ministério Público, seja pelas leis hoje existentes. Mas se o Congresso Nacional busca uma outra forma de controle dentro das atribuições de legislador que o faça amadurecendo o debate com as diversas categorias atingidas pelo ordenamento legal que se pretende estabelecer.

Blog - Qual é a sua proposta para evitar divergências entre MP e PF nos procedimentos investigatórios?

Carlos Frederico Santos - Acredito nos lemas "Eficiência e Eficácia" e "Diálogo e Cooperação". Pretendo evitar divergências e separações, buscando a soma de esforços na realização de um trabalho em prol da sociedade brasileira.