ONU afirma que aproximadamente meio milhão de sírios voltou para casa em 2017
Cerca de meio milhão de sírios deslocados pelo conflito em seu país retornou para suas casas desde janeiro, a maioria em busca de familiares, ou para verificar o estado de suas propriedades - relatou a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira (30).
O conflito, que já dura mais de seis anos, deixou cerca de 4,9 milhões de refugiados e mais de 6,3 milhões de deslocados internos. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) constata uma "tendência significativa de retorno espontâneo dos refugiados com destino à Síria em 2017".
O porta-voz do Acnur, Andrej Mahecic, afirmou que mais de 440 mil deslocados internos e cerca de 31 mil refugiados, que fugiram para países vizinhos, voltaram para a casa no mesmo período. Esse dado eleva para quase 260 mil o número de refugiados que retornou voluntariamente para a Síria desde 2015, segundo a France Presse. A maioria havia fugido para a vizinha Turquia.
"Os refugiados estão retornando principalmente para Aleppo, Homs e Damasco e são motivados, sobretudo, pelo desejo de procurar membros da família e verificar o estado de suas propriedades", explicou Mahecic.
"Em alguns casos, seu retorno está ligado a uma melhoria real, ou percebida, das condições de segurança em partes do país", acrescenta.
Nesta sexta, o Estado Islâmico se retirou totalmente de Aleppo, encerrando uma presença de quatro anos nessa província do norte do país.
Assistência
Diante desses retornos crescentes, o Acnur começou a aumentar sua capacidade operacional na Síria, com o objetivo de elevar sua assistência no local junto com outros parceiros e organizações humanitárias.
A agência também reforçou sua atividade de controle das fronteiras, visando a analisar os movimentos de refugiados e garantir que retornem de forma segura e voluntariamente para seu país.
O Acnur também ressalta que, apesar de as recentes negociações de paz em Astana e em Genebra oferecerem uma "crescente esperança", a verdade é que as condições para que os refugiados retornem para a Síria "de forma segura e digna ainda não são eficazes".
Desde a primavera de 2011, a guerra na Síria devasta o país, matando mais de 320 mil pessoas, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), de acordo com a France Presse.
O conflito envolve muitos atores locais (extremistas islâmicos, rebeldes moderados e o regime do presidente Bashar al-Assad), regionais e grandes potências, e muitas foram as atrocidades relatadas ao longo dos anos.
Rússia e Irã, países aliados do governo sírio, e Turquia, que apoia os rebeldes, adotaram em maio, em Astana, no Cazaquistão, um plano para criar zonas de segurança e conseguir estabelecer uma trégua durável em várias regiões. Esse acordo se traduziu em uma diminuição dos combates nas áreas em questão.